Opinião

Muito mais é o que nos une?

2 nov 2017 00:00

Somos todos do mesmo país, somos todos Portugal.

O mesmo país que pára para ver um jogo de futebol, cujas entradas custam dezenas de euros, não consegue que as cantinas escolares onde os seus filhos almoçam todos os dias tenham comida decente, ou que deixem de carregar um peso absurdo nas mochilas escolares.

O país onde os níveis de literacia são ainda confrangedores, é o mesmo país onde todos sem excepção têm opinião de especialistas sobre tudo: da Catalunha à importância de plantar ou não eucaliptos.

O país onde Lisboa imagina um Portugal que não existe – de vilas pitorescas e senhoras felizes de burro pela mão – está povoado de milhões de portugueses que não compreendem, e não podem compreender – porque quem poderia compreender? - que há um país de felizardos, que souberam trepar jotas acima, ou que tiveram a sorte de herdar lugares em bons colégios, colegas com 32 apelidos e pais que sabem abotoar/desabotoar o botão do blazer com a dose certa de mundanidade e no momento certo, um país de felizardos onde nunca há pobres, ou gente que espera em filas, quanto mais gente que tem de escolher entre ir ao supermercado ou ao dentista com os filhos.

E é esta distância entre editores de jornais e televisões lisboetas, deputados da nação, governantes, grandes empresários, gente que decide e gente que aguenta as decisões no país real, é esta distância que nos desata, que nos divide e que nos mata.

Porque quando a catástrofe chega e o aperto é geral, ou a alegria é de todos e o brinde é nacional, nessa pequena hora que dura instantes, somos todos do mesmo país, somos todos

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