Opinião
Música ao vivo em curto-circuito
Os estilhaços da pandemia estão por todo o lado e o circuito das salas, bares, clubes e afins que programa música não é exceção
Há seis meses sem atividade, parte deste setor uniu-se para combater o encerramento de muitos espaços culturais.
A associação Circuito, constituída por 27 salas de todo o país, está a pôr em marcha a campanha #AOVIVOOUMORTO para evitar a perda de uma importante rede de palcos.
A campanha conta com nomes de vários quadrantes da música nacional como Gisela João, Tomás Wallenstein, Marfox, Yen Sung ou Hélio Morais.
Ao navegar pelo website https://circuito.live dá bem para ver o que está em jogo e ficamos a saber que “em 2019, estes espaços promoveram 7 537 atuações musicais, envolvendo dezenas de milhares de autores, intérpretes e outros profissionais do espetáculo e receberam um público de 1 178 847 pessoas.”
Conheço bem este circuito. Há muitos anos que circulo por estas salas em busca de música e atuações ao vivo, que marquem realmente a diferença.
Muitos dos artistas que passam por estas salas, são verdadeiras apostas dos seus programadores, os quais estão mais atentos à qualidade artística das apresentações do que propriamente ao lucro que possam vir a ter (muitas destas salas não cobram entrada…).
Antes de pisarem os grandes palcos, muitas das bandas passam por aqui. Lembro-me, assim de repente, de ver os Hot Chip na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, de Kap Bambino no Lounge, em Lisboa, ou Future Islands no Schokoladen, em Berlim – salas pequenas que serviram de trampolim para os grandes festivais.
Mas, talvez o mais importante, é o papel destas salas na divulgação da música que se vai fazendo em Portugal; é a primeira alavanca promocional – muitos dos projetos ganham força com estas atuações ao vivo e só depois chegam às editoras, à imprensa e à maioria do público.
No dia 17 de outubro, pelas 15 horas, em Lisboa, Porto, Viseu e Évora, artistas e público esperam na fila para entrar nas salas fechadas, chamando a atenção para a importância destes espaços no tecido cultural e pedindo medidas de apoio para garantir a sua sobrevivência.
Leiria também tem os seus espaços fechados e é preciso apoiá-los. Juntem-se à fila para que o circuito não morra! Todas as informações em https://circuito.live.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990