Opinião

Música | Cinco discos para este Natal

12 dez 2020 17:05

Faz de conta que ainda se vendem discos

Faz de conta que tropeçamos em lojas de discos em cada esquina

Faz de conta que família e amigos ouvem discos.

Faz de conta que existe o Pai Natal.

Faz de conta que podemos andar livremente no meio da multidão.

Faz de conta que podemos abraçar e beijar quem muito bem entendermos.

Faz de conta que, neste Natal, oferecemos um disco:

1 – Fiona Apple (Fetch the Bolt Cutters) É a Beyoncé ou o Kendrick Lamar deste ano. A crítica não poupa nos elogios. Fiona Apple vai bem lançada para vencer o título de melhor álbum do ano com Fetch the Bolt Cutters. Boa prenda para oferecer a um melómano, que passa a vida a ouvir Captain Beefheart, mas que acha “piada” a estes fenómenos da pop.

2 – The Strokes – (The New Abnormal) Bom disco para marcar a posição de tio cool, face ao sobrinho adolescente, que anda meio baralhado a ouvir o Piruka no Youtube. Claro que, para o jovem, receber um disco vai parecer ridículo, mas não custa nada tentar. Quem sabe se daqui para a frente não vai parar aos Clash, Velvet Underground e por aí fora?

3 – Rita Braga – (Time Warp Blues) Surpreenda os seus amigos oferecendo Time Warp Blues, o novo disco de Rita Braga. Impressionante e assombrosa a amálgama sonora (teclados, caixa de ritmos, violino, ukelele, voz, etc) capaz de nos levar para outros tempos e cenários. Ideal para cinéfilos que irão encontrar aqui muito que fazer. Uma pista? Eraserhead.

4 – Cabrita – (Cabrita) Com selo da leiriense Omnichord Records, eis um dos discos do ano. Cabrita não é novo nestas andanças, tendo já trabalhado com muita gente ilustre. Agora, o saxofonista tem aí um disco de elevada categoria que conta com as participações The Legendary Tigerman, Sam The Kid, Selma Uamusse, Tó Trips, Milton Gulli, Ivo Costa, Gui, Sandra Batista, João Batista, Hélio Morais e João Gomes. Perfeito para enviar ao amigo a viver no estrangeiro: “Olha aí este grande som da editora cá da cidade!”

5 – Bob Dylan - (Rough and Rowdy Ways) Canções repletas de referências históricas e literárias, que precisam de várias audições com o livreto em punho para se ir sublinhando e tirando notas. O avô que ouvia o Dylan nos anos 60 vai gostar de saber que o músico-poeta está vivo e bem vivo. Também tem aqui a clássica auto-prenda...

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990