Música | Nos 30 anos dos Silence 4

A recorrer ao livro que este vosso escriba editou em 2018 – Uma Cena ao Centro – eis algumas curiosidades do fundo do baú: o JORNAL DE LEIRIA fala pela primeira vez – ainda a solo – de David Fonseca a 27 de julho de 1995, ano em que acabaria por formar a banda Silence 4.

Num artigo assinado por Carlos Matos, o texto adivinhava que “um conjunto de canções inteligentes podem fazer deste ilustre desconhecido natural de Leiria mais um caso sério da música moderna portuguesa”, podia ler-se. Nada mais certeiro. Com 22 anos na altura, o músico dos Marrazes, que contava com a ajuda nas letras de Bruno Urbano, já mostrava alguma maturidade.

Quando questionado se pretendia fazer circular a maquete (em cassete), foi perentório: “Não, não quero fazer isso, acho que ainda é muito cedo pois as músicas ainda não atingiram o grau de conceção que idealizei. Seria precipitado e, para quem já esperou tanto tempo, acho que posso esperar mais um bocadinho”, disse David Fonseca.

De facto, o músico andava a compor há três anos e, como hoje todos sabemos, as composições aprumaram-se. Na sempre pertinente reflexão sobre o futuro, em 1995 o futuro vocalista dos Silence 4 dizia o seguinte a este jornal: “Quanto ao fator sucesso, não sei até que ponto poderei atingi-lo, nem se é realmente a minha meta. É claro que gostava que o meu trabalho agradasse, mas não é o que todos querem?”.

A 7 de março de 1996 novas notícias davam conta de uma apresentação oficiosa dos Silence 4, já com os quatro elementos, na então já conhecida Casa da Reixida, casa atelier depois das Cortes, onde hoje funciona o Espaço Serra, um hub que acolhe bandas como First Breath After Coma, Ayamonte Cidade Rodrigo, Dramafall ou Marciano, entre outras disciplinas artísticas.

Nessa apresentação estreiam temas como a versão “A Little Respect” dos Erasure e o original “My Friends”, dois temas que seguiriam o seu percurso nos anos vindouros. A banda estabelece-se lá para os seus ensaios.

A apresentação oficial estava guardada para o dia 30 de março de 1996 no auditório do Orfeão Velho – na Rua Direita – na zona histórica de Leiria integrados no festival de teatro ACASO – Festival de Teatro de Leiria organizado pelo Nariz – Teatro de Grupo. É aí onde dão o primeiro concerto a sério. Nesse ano de 1996 são os vencedores, no Porto, do então denominado Termómetro Unplugged, organizado por Fernando Alvim, e que lhes abre mais umas portas.

Posteriormente gravam outra maquete no Castelo de Leiria, uma célebre “cassete amarela”. Dão um concerto no muito badalado bar Opus, sucede-se uma terceira maquete em 1997 e, a 15 de janeiro de 1998, o JL anuncia: “Silence 4 assinam pela Polygram”.

O resto é história, venha a festa dos 30.