Opinião
Música | Silly Season
“Tropical the island breeze, All of nature wild and free, This is where I long to be, La isla bonita”… cantarolei eu rumo à praia, janela aberta e braço de fora
1. Oiço na rádio, entre Quarteira e Almancil, que a Madonna acaba de fazer 63 anos e que anda por Itália com o namorado Ahlamalik Williams - Quem?! - a celebrar a data. Também fiquei a saber que “está mais poderosa do que nunca” e que partilhou fotos românticas nas redes sociais, muito elogiadas pelos seguidores. A notícia dizia ainda que a “Rainha da Pop” partilhou um vídeo na sua conta do Instagram a pedir dinheiro para comprar camas no hospital que abriu no Malawi, e que essa seria a melhor prenda de aniversário que poderia receber. Portanto, nos dias que correm, fazer uma notícia sobre a Madonna ou sobre a Kim Kardashian é igual ao litro. “Tropical the island breeze, All of nature wild and free, This is where I long to be, La isla bonita”… cantarolei eu rumo à praia, janela aberta e braço de fora.
2. O músico e Nobel Bob Dylan, agora com 80 anos, é processado num tribunal de Nova Iorque, acusado de agredir sexualmente uma menor em 1965. Segundo a queixa, o cantor "abusou do seu estatuto de músico para fornecer álcool e drogas a J.C. e para a agredir sexualmente em várias ocasiões". Uma lei do estado de Nova Iorque permite às vítimas de abuso sexual processar os seus alegados agressores, independentemente de quando o ato tenha sido praticado. Mais um caso que vai fazer correr muita tinta e promover trolladas na internet. De uma coisa o velho Dylan já não se safa: para muita boa gente irá sempre pairar no ar a dúvida, mesmo que, no final do processo, o tribunal venha a dizer que o homem é inocente.
3. Nos dias 3, 4 e 5 de setembro a Festa do Avante! está de regresso ao Seixal e tudo indica que este ano volta a ter o povo todo lá metido, independentemente da pandemia. Já começaram as “Jornadas de Trabalho”, modelo “comunista” que leva ao Avante centenas de voluntários: “ao construir a Festa, experimentamos o valor e o poder do trabalho coletivo: o trabalho de cada um conta; sozinhos não podemos nada. Ao construir a Festa, experimentamos a igualdade: gente de todas as idades, novos e velhos, e de todas as formações, lado a lado, a aprender e a ensinar a montar tubos, a erguer paredes, pregar balcões, pintar murais, coser toldos, instalar luzes... Ao construir a Festa, oferecemos a nossa força, o nosso trabalho e a nossa inteligência; mas, na verdade, recebemos mais do que aquilo que damos.” Assim nos diz o sítio da festa na internet e eu posso confirmar que é mesmo assim, não só porque já lá estive – a observar - como tenho fontes seguríssimas: ali durante uns dias vive-se uma espécie de utopia ao som de alguns dos melhores grupos musicais nacionais e internacionais de cariz popular. Pena é a bota não bater com a perdigota, quando olhamos para o programa, posições e estatutos do Partido Comunista Português. Mas, durante três dias, é tudo muito lindo!
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990