Sociedade

Nazaré e o efeito McNamara

22 jan 2016 00:00

Fora do país, o mundo tem os olhos abertos para a Nazaré.

Há duas palavras ao longo deste texto que são impossíveis de serem dissociadas: Mar e Nazaré. Desde o tempo dos descobrimentos que a terra das “sete saias” tem como traço identitário a cultura do mar.

Os seus portos e zonas piscatórias sustentaram durante anos a fio a vida dos habitantes deste pequeno paraíso da zona Oeste. No presente, o local surge transfigurado e muito o deve ao surfista Garrett McNamara que, em 2011, fez história na Praia do Norte ao surfar numa onda de quase 30 metros.

Nesse momento, a Nazaré ganhou um novo estatuto. Desde então, mitificou-se uma imagem e fez ecoar o seu nome em todo o mundo.

O fenómeno da onda gigante acarretou consigo novos públicos, novos conceitos e uma visão mais produtiva ao nível do turismo. O surf tem novos caminhos para serem explorados. Tem, sem dúvida, muito potencial. A Nazaré tem trabalhado afincadamente para desenvolver as suas capacidades e surgir como principal destino para os aficionados neste desporto.

Cada vez mais, o mar, constantemente propício para a prática de desportos de ondas, tem criado uma imagem sólida, uma imagem de marca. As vagas formadas no canhão da Nazaré são a prova de que não é uma situação esporádica, bem pelo contrário.

Essa regularidade tem-lhe atribuído o estatuto de capital do surf. Quer ser este desporto o motor de desenvolvimento desta região, tem sido o principal factor para um acentuado crescimento do turismo na Nazaré, um lugar com características singulares e que assume um papel preponderante na economia nacional como uma das zonas balneares mais requisitadas do País.

É também importante salientar a receptividade internacional. Fora do país, o mundo tem os olhos abertos para a Nazaré. Exemplo disso foi a peça que o canal norte americano CNN exibiu há uns tempos, acerca da zona centro de Portugal, na qual a Nazaré é cabeça-de-cartaz e recomendado como principal foco de atracção. A Nazaré surge como figura de proa nesta nova realidade.

É uma mescla de história e inovação. É, neste momento, o epicentro do surf, uma das palavras portuguesas mais procuradas na internet, e uma das praias mais fotografadas no mundo das pranchas.

A Nazaré é um cartão-de-visita português e caminha a passos largos para se assumir, sem complexos, como a capital do surf mundial. Se no passado, o mar da Nazaré soprou aos ouvidos dos mais velhos as suas histórias mais sombrias e as suas maldições, no presente, é uma onda gigante de atracção turística. É o spot perfeito para, neste mar de oportunidades, a Nazaré continuar a surfar na crista da onda.

*Blogger As Redes do Damas