Opinião
Nem…
Num desses dias, a tristeza que ainda anda comigo, provocada pela morte de Bruto da Costa, caiu numa espécie de solução saturada.
A uma das minhas inteligências mais desenvolvidas – a intrapessoal - vem, às vezes, juntar-se um cenário informativo que me convida ao isolamento e à introspeção. Num desses dias, a tristeza que ainda anda comigo, provocada pela morte de Bruto da Costa, caiu numa espécie de solução saturada.
Eu, o solvente, sem capacidade para dar conta de tanto soluto: um jornalismo reduzido à caça de mails que se desejam comprometedores da continuidade de bons ministros nos respetivos cargos; uma oposição vazia de ideias e por isso sequiosa e esperançada de que lhe venham ter às mãos os tais mails de que os jornalistas andam à caça; para a oposição (anteriormente governo) e para muitos media ser muito mais importante do que a minha vida, a vida de uma cidadã portuguesa e europeia, que precisa de informação séria para mais tarde votar de forma esclarecida, aquilo que os ministros dizem entre si e aos seus colaboradores; as fatwas (como disse André Macedo) de Marques Mendes e de outros, divulgadas nos canais televisivos, sem qualquer contraditório; a ausência de uma regulação dos lobbies que, no mínimo, os identifique dando a possibilidade ao cidadão comum de “chamar os bois pelos seus nomes”!
Neste desconforto olho, numa folha dum semanário, para a enorme fotografia de um homem, na casa dos sessenta, que serenamente me sorri: é Jared Taylor. E engraçado, agora recordo-me de que nunca vi Bruto da Costa numa fotografia assim, sorridente. Ele, este intelectual português, engenheiro, doutorado em sociologia, ministro dos assuntos sociais no querido governo chefiado por Maria de Lurdes Pintassilgo, provedor da Misericórdia de Lisboa, presidente do Conselho Económico e Social e da Comissão Nacional de Justiça e Paz, sempre me confrontou com a realidade da pobreza e da exclusão social.
*Professora
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia
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