Opinião

O fracasso da liderança

10 mar 2016 00:00

A elite política falhou por não prever o desastre e a elite financeira foi desacreditada porque teve de ser resgatada (um contrassenso face ao seu pseudo liberalismo)

Martin Wolf escrevia há dois anos, nas páginas do Financial Times, um artigo sobre como as elites ameaçam o futuro da Europa (e do mundo). Em sociedades complexas confiamos a elites políticas, intelectuais e económicas o papel de liderar a sociedade, atribuindo-lhes privilégios em troca de prosperidade futura. Quando estas falham neste “contrato”, tendem a ser substituídas (o que, no caso das elites políticas em democracia é relativamente fácil através de eleições).

Nos últimos 20 anos estas elites foram embaladas pela fantasia neoliberal da autoestabilização dos mercados financeiros (sem perceber a imperfeição/assimetria subjacente a alguns destes mercados), incentivando a expansão da dívida. Quando esta promessa falhou, as economias entraram em colapso, o desemprego cresceu e a dívida pública explodiu.

A elite política falhou por não prever o desastre e a elite financeira foi desacreditada porque teve de ser resgatada (um contrassenso face ao seu pseudo liberalismo). Posteriormente, todas estas elites fracassaram nas soluções para resolverem estes problemas, promovendo mecanismos ineficazes ou desequilibrados (como se vê no contexto europeu, onde verdadeiramente a única solução para uma Europa anémica passaria pela união fiscal e económica da zona euro).

Ora, as elites que não resolveram esta crise são as mesmas em quem confiamos para enfrentar fenómenos futuros como o aquecimento global, o fim do emprego (com a crescente automação, física e intelectual, da economia) ou o crescimento do terrorismo.

*Membro do Conselho de Administração da D. Dinis Business School e docente do IPLeiria
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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