Opinião

O Futuro da Europa

11 dez 2015 00:00

A livre circulação de cidadãos está ameaçada por atentados terroristas que colocam em causa a nossa segurança e que tornarão o continente mais securitário. O tratado de Schegen deverá de ter os dias contados.

A Europa atravessa uma grave crise, não existem líderes nem um projecto europeu, com que os seus povos se identifiquem. A perda de importância a nível mundial é óbvia, a democracia, a livre circulação de cidadãos, a economia e o estado social são marcas que nos distinguem do resto do mundo nas últimas décadas mas que estão em declínio.

A democracia é hoje confrontada em todos países europeus, por partidos radicais de esquerda e de direita que ganham força, devido ao forte descontentamento dos cidadãos habituados a longas décadas de prosperidade, interrompidas por um declínio económico evidente. Em cada eleição, os partidos radicais aumentam as suas votações, de Portugal aos países de leste, não há excepção, ontem na Finlândia, na Grécia, em Portugal, para falar de alguns e hoje em França, amanhã em Espanha.

A livre circulação de cidadãos está ameaçada por atentados terroristas que colocam em causa a nossa segurança e que tornarão o continente mais securitário. O tratado de Schegen deverá de ter os dias contados.

A economia europeia, particularmente a zona Euro, tem níveis de crescimento baixíssimos e cada país, perdeu a autonomia de poder desvalorizar a moeda. A crise da dívida soberana, na maior parte dos países, impedem políticas expansionistas.

O famoso Estado Social está em risco, devido à incapacidade e falta de coragem dos governos europeus para o reformar. É impossível com o aumento da esperança de vida, mantermos a idade da reforma actual e as pequenas alterações não resolvem a sustentabilidade dos sistemas.

Em termos militares a Europa não existe, o desinvestimento nas últimas décadas e a falta de vontade dos povos em entrar em guerra, tornounos irrelevantes em qualquer decisão internacional. Até no continente europeu, como foi o caso da Ucrânia, às portas da União Europeia. Para responder a todos estes enormes desafios, que propõem os líderes europeus de hoje? Uma das respostas é Mais Integração.

Mas será que os cidadãos europeus querem mais integração? O que significa isso? Mais poder, para a Alemanha que já hoje lidera e impõe a sua vontade perante todos os outros países. Será que a Europa quer mesmo mais integração? Não me parece.

A minha geração deve ter sido, a que mais beneficiou, com a entrada de Portugal na “Europa”. O projecto europeu, nas décadas de oitenta e noventa, era essencialmente económico e os fundos que foram “despejados” no país, melhoraram o nosso nível de vida. A entrada no Euro também nos beneficiou, até à famosa crise de 2008, que cá chegou em 2011. Para além disso, sou do tempo, em que viajar pela Europa, obrigava a passaporte e a dinheiro vivo e sei a diferença para agora.

Hoje qualquer jovem estudante universitário, pode incluir no seu curriculum o programa Erasmus permitindo-lhe estudar um semestre ou mais, num país europeu ficando com uma visão do mundo totalmente diferente. O futuro europeu é muito incerto e nada óbvio, como será a Europa daqui a umas décadas?

*Membro do Conselho de Adm. da D. Dinis Business School