Opinião
O homem morto vive!
Na semana passada recebi uma carta no correio. Não era o IMI, nem a conta da água, nem da luz. Nem o recibo do seguro do carro.
Era uma carta manuscrita, sem remetente. Trazia o meu nome completo no destinatário. A letra era bonita, bem desenhada, efeminada. Por momentos pensei (ou desejei!) que fosse uma declaração de alguma eventual admiradora secreta. Uma carta de amor que fizesse o meu coração palpitar como nas paixões da adolescência.
Abri-a. A primeira frase fez-me estremecer: "Eu sou o homem morto que você descreveu na edição 1704 do Jornal de Leiria, de 9 de Março de 2017". Pensei tratar-se de uma brincadeira de algum dos meus sempre inventivos amigos, mas as frases e as descrições que se seguiram dissiparam quaisquer dúvidas. Quem entrara em contacto comigo era, de facto, o "homem morto" que eu vira em criança.
A carta prosseguia como uma revelação inacreditável: "Na verdade é a si que devo a minha vida. Quando o Carlos chegou a casa e avisou os seus pais do que tinha visto, eles contactaram as autoridades que pouco tempo depois chegaram ao local onde eu estava miseravelmente moribundo. Levaram-me para o hospital. Todos pensavam que eu estava morto. Eu não acreditava em milagres, mas tornei-me num devoto religioso desde aquele doloroso episódio. Sobreviver aos graves ferimentos que me foram infligidos só pode ter sido devido a intervenção divina”.
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*Presidente da Fade In