Opinião
O tamanho importa, se importa!
Se há projeto maior entregue a quem acredita é esse da transformação do humano no humano ainda melhor
Esqueçam as associações menos próprias que o título possa inspirar. Acontece que a grandeza de espírito, ou de alma, ainda é valor a sublinhar e a partilhar como herança maior aos que nos sucederem no mundo e na existência.
Quem, no último domingo, passou por qualquer Igreja, deparou-se com as roupas exteriores da liturgia de cor vermelha. Como se o tributo ao Benfica campeão na noite anterior se tivesse perpetuado para o dia seguinte e tivesse conquistado as liturgias dominicais deste. Descansem os adeptos com outras cores associadas. Sucedia que era domingo de Pentecostes. Festa, já de inspiração judaica, a que o cristianismo, fazendo jus ao acontecimento maior pós-ressurreição, deu alvíssaras merecidas.
Parece que cinquenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo, em forma de línguas de fogo, desceu sobre o grupo de apóstolos ainda atormentados pelo desaparecimento Daquele em quem tinham posto a sua fé. E parece que o Mundo deixou de ser o mesmo para sempre!
Esta gente atormentada e amedrontada, sai para a rua e vira destemida e confiante como jamais se tinha visto. Parece que neste dia terá começada a inevitável revolução que inspirada numa oferta de vida, chama cada ser humano ao encontro e partilha de si mesmo. Tudo isto graça a um fogo interior que não deixa ninguém indiferente. Mais, é transformador!
Uma vez mais se repita que o vermelho das celebrações dominicais a isto dizia respeito. Mas não deixa de ser indiferente o que revela. Se há projeto maior entregue a quem acredita é esse da transformação do humano no humano ainda melhor. Uma questão de projeto, de cultura, de filosofia. Como lhe queiramos chamar.
Acredito que continua a ser uma questão que nos diferencia nas pequenas e grandes coisas de cada dia. Talvez por isso, quando o treinador do Benfica faz referência à vitória do campeonato como um fruto da filosofia do clube, percebe-se o gesto de ter chamado para marcar um penalty um jogador que está de saída. Está de saída, mas tudo o que fez não se paga com essa saída ou alteração de percurso de vida. A obra fica mesmo que o homem vá.
É uma questão de tamanho de alma, de espírito, de cultura que tantas vezes vemos ausentes das nossas famílias, clubes, organizações… Razão mais que suficiente para não deixar passar em vão esse desafio maior trazido pelo Espírito e pelos bons espíritos. Que nunca se apague em nós aquele fogo que nos transforma em responsáveis maiores do legado que deixamos, que outros deixaram e que outros deixarão.
Somos guardiões do tamanho da nossa e da obra alheia!