Opinião
Porquê Bloco Central?
Que, acima de tudo, esteja o interesse de Portugal e não exclusivamente a disputa político-partidária
Bem, eu digo não!
Claro que é só a minha modesta opinião, que não é de agora, face ao que se tem ouvido nas últimas semanas sobre a eventualidade de uma dita ingovernabilidade.
De facto, não me parece, sequer, que possa ser razoável que uma qualquer solução de Governo tenha que passar por uma “coligação” entre os dois partidos com responsabilidades governativas em Portugal.
Aliás, deve ser recordado que já tivemos vários momentos de governos minoritários no nosso País, e em que foi possível garantir uma certa estabilidade, fruto de negociações e cedências que permitissem o necessário equilíbrio para que o País funcionasse.
Entendo mesmo que nos devemos habituar a esta situação, pois parece-me cada vez mais difícil que haja uma maioria de um só partido em Portugal, pelo que se exige que se avaliem os vários cenários possíveis e que, acima de tudo, esteja o interesse de Portugal e não exclusivamente a disputa político-partidária.
Esta tem que ter o seu espaço e a sua importância, essencial num sistema democrático, mas deixar de lado, de uma vez por todas, a chica-espertice nacional para arranjar sempre algum expediente que possa dar jeito em determinada circunstância.
A este propósito não devemos esquecer o esquema engendrado por António Costa em 2015, onde pela primeira vez foi possível formar um governo sustentado por uma maioria parlamentar que não coincidiu com o voto nas urnas dos portugueses.
Talvez por ter esse tal interesse circunstancial de apenas querer chegar ao poder de qualquer maneira tenha havido necessidade de o então Presidente da República, Cavaco Silva, exigir um documento escrito que sustentasse a dita “gerigonça”.
Porque a questão é antiga e continua por resolver, sendo de louvar, até pelo exagero, a postura do actual líder do PSD para tentar conseguir junto do PS alguns pactos de regime em áreas centrais para a governação do nosso País, como por exemplo na Justiça, Segurança Social ou Fiscalidade, onde ficasse definida a estratégia de longo prazo, independentemente de quem fosse o Governo e sempre com a possibilidade de eventuais ajustamentos, face às dinâmicas sociais e políticas.
Mas o que temos constatado é que António Costa nunca para aí esteve virado, preferindo sempre a solução mais fácil de ir desbaratando as contas públicas, dando cumprimentos a algumas exigências da esquerda, que não sabe o que é a responsabilidade de governar!
Muitas vezes esquecendo que quem sofre com essas duvidosas opções são as portuguesas e os portugueses.
Por isso é bastante aterrador observar os resultados apresentados no último sábado pelo jornal Expresso, no âmbito de uma sondagem ICS/ISCTE, levada a cabo por esse jornal, onde 50% dos inquiridos afirma que a qualidade de vida das pessoas com mais de 65 anos vai piorar, sendo que no que diz respeito à economia e política, 52% esperam um aumento das divisões políticas e 54% esperam mais desemprego, com 69% dos inquiridos a entender que a dívida pública vai crescer.
São por isso dados muito relevantes para que os políticos possam olhar para o pensamento dos portugueses e perceber que muita da responsabilidade desde cenário traçado está mesmo nas mãos de quem nos governa e de quem deve deixar governar!