Opinião
Regressos
Também não me decido, e já lá vão três dias, sobre um assunto para este escrito, enredada em filosofias do chegar e do partir, do significado da pertença, e do ser feliz custe o que custar.
Tinha na boca um vago sabor a pão-de-ló e a fios de ovos - comidos à pressa enquanto ouvia aproximar-se o tilintar festivo do sino - quando o Compasso entrando porta adentro me fez lembrar os passeios enfeitados com flores, os casaquinhos de lã por cima de vestidos sem mangas, as amêndoas de licor em forma de legumes e bebés, o cheiro da seiva das folhas pisadas, e as bolinhas de chocolate envoltas em açúcar.
E o alívio da tristeza, da cor e da contenção dos adultos na Sexta-feira Santa. Terminado o dia e feito o silêncio das vozes para que o relógio de pêndulo reine e faça o passe de mágica que é parecer suspender o Tempo por força de nos fazer ouvir o Tempo passar, hesito entre uma mousse ou mais um café.
Também não me decido, e já lá vão três dias, sobre um assunto para este escrito, enredada em filosofias do chegar e do partir, do significado da pertença, e do ser feliz custe o que custar.
Tramado, quando se tem um prazo cada vez mais minguante e a vida se faz longe da rotina que nos vai mantendo na linha; que por aqui a rotina é outra, feita de uma espécie de sobrevoo à vida toda, a olhar o gigantesco puzzle de peças minúsculas que a tornam como é.
Aqui, é o lugar aonde sempre direi que regresso porque só se pode regressar aonde se pertence, e porque um lugar assim somos afinal nós; mas nós em forma de espaço.
Aqui, é o lugar onde a Lua é verdadeira, é o sítio de aferir o que cresci, é um espaço aberto coberto por uma fina película protectora, compreensiva, luminescente e confortável. Um ninho,
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