Opinião

Resignar ou insistir, eis a questão…

14 out 2023 11:30

Queremos valorizar os jovens e inverter o despovoamento, contudo aposta-se na (i)lógica medieval de zonas industriais como âncora para o emprego

Quanto mais vou sabendo, mas fico preocupado pelo futuro da região de Sicó. Porquê? Porque sendo alguém que lida há muitos anos com o ordenamento do território e com o activismo em prol do património desta região, cada vez mais, fico convencido de que o futuro que eu sonhava para este extraordinário território é uma miragem.

Luta-se pela implementação de uma estratégia comum a toda a região, de forma a identificar, avaliar e valorizar todas as mais-valias deste território, nomeadamente associadas ao património natural, e mesmo apesar de algumas melhorias no discurso político, estas não passam na sua generalidade de palavras inconsequentes.

Queremos valorizar a paisagem cultural de Sicó, contudo, nos últimos anos, temos feito um bom trabalho para degradar esta mesma paisagem a troco de umas rendas. Primeiro, foram as pedreiras, depois, os parques eólicos, entretanto, serão os parques solares e está agora em discussão pública uma eventual mina em plena Rede Natura 2000. E o pimba dos balancés, dos passadiços e outros mais, ajudam ao circo.

Queremos valorizar os jovens e inverter o despovoamento, contudo aposta-se na (i)lógica medieval de zonas industriais como âncora para o emprego. E o que fazem os jovens altamente qualificados? Vão-se embora para as cidades ou mesmo para outros países, onde são valorizados e apoiados.

Ganham essas cidades ou outros países com a inovação e criatividade trazida por esses jovens. E formam as suas famílias nessas cidades ou noutros países. Uma dupla derrota para Sicó.

Continuamos a pensar que ver os jovens a ir para outras paragens é bom sinal, contudo, não percebemos o quanto desastrosa está a ser esta passividade perante os activos mais bem preparados que já tivemos.

E estes poderiam fazer toda a diferença na alteração de paradigma nesta região, conjuntamente com os bravos que, por opção, lá ficam e que ainda vão aguentando o barco. A esses, um aplauso! Resumindo, somos bons a degradar e destruir aquilo que nos é mais precioso, a nossa casa, Sicó!