Opinião

São Pedro de Moel

17 mai 2018 00:00

A verdade é que, olhando para as últimas décadas, raramente as autarquias desta região cuidaram bem da sua linha costeira, um dos principais activos deste território.

Perante o que entendem ser “a falta de actuação dos diferentes executivos da Câmara Municipal da Marinha Grande ao longo de algumas décadas”, um grupo de moradores de São Pedro de Moel mobilizou-se para debater os problemas, de onde saiu uma tomada de posição com uma extensa lista de pedidos à autarquia.

Para lá do registo da intervenção cívica desse grupo de pessoas perante problemas de interesse colectivo, algo relativamente pouco comum em Portugal, há que olhar para as razões que obrigaram a população a uma tomada de posição desta natureza, que aconteceu em São Pedro de Moel, mas que poderia bem ter sido nas praias da Vieira, do Pedrógão ou numa qualquer do concelho de Alcobaça.

A verdade é que, olhando para as últimas décadas, raramente as autarquias desta região cuidaram bem da sua linha costeira, um dos principais activos deste território. Os problemas, como é sabido, são muitos, indo desde a qualidade (ou falta dela) urbanística, com diversos crimes ambientais à mistura, até aos problemas de falta de areia e água poluída, passando pelo pouco cuidado com o espaço público e com a falta de incentivo ao investimento privado.

Assim, os problemas referidos pelos habitantes de São Pedro de Moel acabam por ser transversais a praticamente toda a costa desta região, sendo desolador o que se vê e sente quando nos aproximamos do mar, principalmente se pensarmos no que esses locais poderiam ser se houvesse outro pensamento, mais cuidado e alguma estratégia. Apesar de tudo, São Pedro de Moel está longe de ser o pior exemplo, bem pelo contrário, pois continua com boa parte da sua beleza e magia intactas.

Mas, é difícil aceitar tanto desmazelo para com uma das pérolas deste território. Entre estradas em mau estado, passeios cheios de ervas, passadiços danificados e zonas desportivas abandonadas, destaca-se como símbolo do desleixo referido a ruína do antigo complexo de piscinas.

É sabido que se trata de propriedade privada, mas sendo um espaço de elevado impacto na malha urbana, seja em termos estéticos, ao nível da segurança, mas também em potencial atractivo desperdiçado, com certeza que haverá mecanismos, legais ou de pressão, para que aquela degradação não se prolongue ad aeternum.

Caso fosse encontrada uma (boa) solução para o complexo de piscinas, e com maior cuidado com o espaço público, São Pedro de Moel recuperaria, certamente, parte da dinâmica que já a caracterizou, ficando, apesar de tudo, por resolver os graves problemas da degradação do areal e da água acastanhada, presentes oferecidos pelo molhe da Figueira da Foz e pela fábrica de papel da Leirosa.

Também aqui, apesar de não ser responsabilidade directa das câmaras municipais, deveriam estas unir-se, eventualmente através da Comunidade Intermunicipal e com o apoio do Turismo do Centro, no sentido de exigirem a resolução de dois problemas que são tão antigos quanto penalizadores para a qualidade da nossa costa, agora ainda mais necessitada após a amputação da sua companhia verde de séculos.