Editorial

Se queres a paz, prepara a guerra

20 mar 2025 08:04

A região possui activos inegáveis, como a Startup Leiria o grupo TICE.Leiria, a indústria de moldes, a Nerlei CCI ou até a Tekever

Vivemos um momento estranho, marcado pelo regresso a tempos onde as populações preferem regimes liderados por políticos fortes, arautos do conservadorismo e da troca da liberdade pela aparência de segurança e ordem. Nestes tempos de incerteza geopolítica, a Europa está ainda a tentar despertar para a necessidade de construir a sua autonomia defensiva.

Neste cenário complexo, fala-se de enormes investimentos em defesa e da autonomização da dependência de um Estado norte-americano cada vez menos confiável. Enquanto País e região industrializada, quando a União Europeia anuncia investimentos de 800 mil milhões de euros para os próximos quatro anos em defesa, não podemos ignorar que se abrem oportunidades.

 que desenvolve tecnologia militar já testada em cenário real na Ucrânia. Contudo, todos os empresários concordam que penetrar no mercado de defesa não é algo que deva ser encarado com trivialidade.

É um sector hermético, dominado por gigantes e interesses geopolíticos, onde nem todos jogam com as mesmas regras. A aposta não parece estar nos armamentos complexos, mas na integração em nichos específicos como serviços, embalagens, logística e, sobretudo, no desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial.

Não podemos, igualmente, esquecer-nos do potencial da produção full stack mencionada pelo director-geral da Startup Leiria Vítor Hugo Ferreira, no artigo com que abrimos esta edição, que combina competências em software e metalomecânica, e transformá-lo em oportunidades concretas. O caminho não é, certamente, fácil e muito menos lesto.

Se Portugal e a região pretendem beneficiar destes tempos de mau augúrio, será preciso apoio e coordenação ao nível governamental apenas para abrir as portas aos empresários nacionais, sem esquecer, como tem acontecido até hoje de dar competências – e fundos – ao Banco de Fomento, para que este possa fornecer o capital necessário para investimento.

Resumindo, necessitamos de uma estratégia nacional de defesa industrial, definindo prioridades, áreas de especialização e mecanismos de apoio às empresas. Os empresários, que, certamente, terão presentes a importância de montar clusters e reunir massa crítica para um desafio como este, sabem como fazer o resto.

Infelizmente, como os romanos já sabiam, quando não se respeita os povos, si vis pacem, para bellum (se queres a paz, prepara a guerra).