Opinião
Será que em Leiria estamos no século XXI?
O ministro João Pedro Matos Fernandes veio dizer-nos que não será construída a estação de tratamento de efluentes suinícolas (ETES) em Leiria, pasme-se, por falta de compromisso dos empresários!
Confesso que quando no meu último artigo de opinião questionei se o distrito de Leiria teria de fazer greve de fome para que olhassem para nós, numa analogia ao que fizeram os empresários da restauração em Lisboa, tendo enunciado um conjunto de investimentos estruturantes que continuam por concretizar, na sequência de uma entrevista do ministro Pedro Nuno Santos, não estava à espera de ficar, ainda mais, surpreendido e estupefacto com o anúncio do ministro do Ambiente, numa recente visita à Marinha Grande.
O ministro João Pedro Matos Fernandes veio dizer-nos que não será construída a estação de tratamento de efluentes suinícolas (ETES) em Leiria, pasme-se, por falta de compromisso dos empresários!
Há vários anos que as principais forças políticas colocam nos seus programas eleitorais distritais a resolução deste grave problema ambiental, sendo que a ETES constitui um factor decisivo para a despoluição da bacia hidrográfica do Rio Lis.
Por outro lado, este investimento é essencial para que este importante sector económico da região reúna as condições legais para poder laborar, como em muitas outras actividades, terá de existir é uma efectiva fiscalização de quem cumpre ou não cumpre, com fortes penalizações, no limite com possibilidade de encerramento da actividade.
O que acontece muitas vezes é que os organismos que detêm esta competência, não sabendo muito bem porquê, não são capazes de fazer cumprir todas as regras legais e penalizar quem prevarica.
Pasme-se, ainda mais, quando foi este ministro do Ambiente que veio assumir que a solução para este problema, construção da ETES, teria que passar por investimento público, com a necessária e importante participação dos empresários do sector, não se percebendo que agora venha dizer que duvida do compromisso dos empresários, porque incorpora custos nas empresas.
Então e todas aquelas empresas, nos mais diversos sectores, que têm que cumprir as inúmeras regras ambientais de funcionamento? Não têm custos?
Claro que sim, e um qualquer estudo sério de viabilidade de qualquer negócio tem de ter em linha de conta todos estes custos de contexto, de forma a garantir a sua sustentabilidade económico-financeira.
Ainda para mais quando se encomendou um estudo, no valor de um milhão de euros mas, segundo parece, não se conhece o seu teor.
De facto, este é um tema que já cheira verdadeiramente mal há muito tempo, pelo que até agora, que aí vem a dita “bazuca” financeira europeia, não se percebe esta posição do Governo socialista!
Espera-se, por isso, que todos os agentes envolvidos, autarcas, deputados, empresários, associações do sector e a própria sociedade civil, se possam envolver numa legítima e necessária reivindicação da reversão da posição anunciada pelo Governo e que, de uma vez por todas, se possam dar passos para a urgente resolução deste problema ambiental.
Será isso que espera o grupo de trabalho que apresentou o documento de reflexão estratégica Leiria 2030, quando refere como uma das suas propostas de acção a “solução para o problema das suiniculturas, reclamando a construção da ETES e estudar a possibilidade de criação de um parque agrícola para suiniculturas”.
Que assim possa ser!!!