Opinião

Sucesso escolar

8 set 2016 00:00

Colocar os alunos a ler será um desafio enorme, como enormes serão os resultados ao nível da literacia, da escrita, da organização do pensamento, da cultura geral e da criatividade em cada um dos alunos em que o desafio seja ganho.

Nesta edição, como vem sendo habitual nos últimos anos, publicamos um especial sobre o regresso às aulas, desta vez dedicado ao sucesso escolar, tema alinhado com o VII Fórum Educação, organizado pela Câmara de Leiria e apoiado pelo Jornal de Leiria.

Como é sobejamente conhecido, a questão do insucesso escolar, que muitas vezes resulta no abandono do sistema de ensino, é um problema antigo em Portugal, com as sucessivas políticas dos diferentes governos a não terem conseguido os resultados esperados.

Apesar da melhoria, continua a ser um problema preocupante e condicionador da qualificação dos recursos humanos em Portugal, com as consequências conhecidas para a competitividade da nossa economia, mas também para os projectos de vida individuais. O problema é complexo e de difícil resolução, ou não tivesse o sucesso escolar dependente de diversos factores. Entre eles está, naturalmente, a competência e a motivação dos professores, a adequação das infra-estruturas e dos materiais didácticos e a qualidade dos projectos educativos, mas o cerne da questão estará no seio das famílias, onde menos ou mais coesão e tranquilidade, uma maior ou menor capacidade de acompanhamento, e a sensibilidade para a importância do conhecimento e da aprendizagem podem fazer toda a diferença.

No fundo, é em casa que as crianças têm os primeiros estímulos, os primeiros exemplos e os primeiros modelos, que acabam por as influenciar nos anos seguintes, para não dizer que marcam todo o percurso de vida. É ali que lhes podem ser, ou não, proporcionadas as primeiras experiências de estímulo ao raciocínio e ao pensamento, com puzzles, jogos didácticos, viagens, certos programas de televisão.

É também ali, através do que observam nos familiares mais velhos, que ganham, ou não, hábitos de leitura, espírito crítico, curiosidade, capacidade de pensar e vontade de aprender. No entanto, a capacidade de intervenção das famílias não se resolve com um estalar de dedos e não está, na maioria dos casos, dependente da boa ou má vontade dos pais e avós, mas sim da capacidade destes. Será uma questão que só o tempo e o passar de gerações resolverá. Até lá, terá que ser a escola, com os seus professores, e outras instituições com responsabilidades na Educação a tentarem compensar o défice existente da melhor forma possível, não se resignando às dificuldades e ao apontar de dedo às famílias. E se muito tem sido feito, muito há ainda também por fazer, como o provam variadíssimos exemplos de casos de sucesso em muitas escolas por esse País fora.

Onde o fazer diferente resulta também em resultados diferentes. Um dos caminhos será o da aposta na leitura, como foi referido com insistência no VII Fórum Educação por diversas personalidades. Colocar os alunos a ler será um desafio enorme, como enormes serão os resultados ao nível da literacia, da escrita, da organização do pensamento, da cultura geral e da criatividade em cada um dos alunos em que o desafio seja ganho. Será um caminho difícil, mas essencial para o futuro do próprio País. Um caminho onde o papel das escolas, das câmaras e de algumas associações pode ser determinante.