Opinião

Todos passam por cá

22 jan 2016 00:00

Também não terá sido coincidência que os principais candidatos à Presidência da República tenham todos feito questão de passar pela Marinha Grande para visitar as suas empresas (...)

Não terá sido por acaso que o ministro da Economia, Caldeira Cabral, escolheu uma empresa de Leiria para a sua primeira visita no âmbito do Plano 100, em que o Governo pretende injectar 100 milhões de euros no tecido empresarial nos seus primeiros 100 dias de executivo.

Também não terá sido coincidência que os principais candidatos à Presidência da República tenham todos feito questão de passar pela Marinha Grande para visitar as suas empresas, normalmente dando o mote a algumas palavras sobre empreendedorismo, inovação e capacidade exportadora.

Todos eles (ou os seus assessores) saberão que a região de Leiria, juntamente com Aveiro e Braga, é um caso aparte num País que viveu de costas voltadas para a indústria durante décadas, tendo recorrido a esta região pela dinâmica e pelo simbolismo que ela tem nessa área. Para dar força e credibilidade à mensagem que transmitiram a partir de cá.

No fundo, como têm feito outros políticos, vieram a esta região colocar-se ao lado dos empresários e gestores que têm conseguido exportar Portugal, aproveitando para tirar umas fotografias bonitas na esperança de serem identificados com o êxito. Não deixa de ser, no entanto, um reconhecimento para esta região, para os seus empresários e colaboradores, que seja procurada nestas alturas, sendo a prova de que é vista como um exemplo, como algo que não representa a norma no nosso País.

Pena é que a atenção que merece seja normalmente sol de pouca dura e que não se estenda até à altura em que se decidem os investimentos e se atribui o poder. Aí, esta região tem sido frequentemente esquecida ou tido prioridade reduzida, com o poder burocrático e bafiento de Coimbra a conseguir quase sempre fazer valer o peso que tem a sua Administração Pública.

Apesar de tudo, com algumas injustiças e prejuízos pelo meio, poderá estar aí parte do sucesso desta região, habituada a caminhar sozinha sem grandes apoios onde se encostar. Habituada a fazer sem esperar pela ordem. Habituada a criar o seu emprego, pois os do Estado nunca abundaram por cá. É, pois, interessante que quem nos governa, ou pretende fazê-lo, nos visite e leve daqui o exemplo para replicar noutros pontos do País.

Domingo será um dia importante para Portugal. Será eleito o próximo Presidente da República, o mais alto cargo no nosso País, o seu representante máximo no exterior e líder das suas Forças Armadas. Seria uma prova de democracia madura e sólida que o próximo Presidente fosse eleito a partir de um sufrágio com grande participação. Com as pessoas a darem sinal de que defendem a liberdade que têm, mas também de que estão preocupadas com o futuro de Portugal. Não deixe que os outros decidam por si!