Editorial

Três preocupações e um elogio 

3 jul 2025 08:00

Criadas para unir e colocar mais pessoas em contacto, as redes sociais digitais são aproveitadas para a disseminação de mentiras por todos os quadrantes políticos

A edição desta semana chega com vários avisos para o futuro e alguns para o presente. Mais do que levantar o alarme, devemos encarar estes alertas como problemas reais que, com sabedoria, engenho e abnegação temos capacidade de ultrapassar. Marta Baptista, vice-presidente para o cultivo experimental e investigação da multinacional alimentar norte-americana Driscoll’s diz que se avizinha a “batalha da agricultura”.

Perante a situação bem real e actual de alterações climáticas e inevitável escassez de água e fenómenos meteorológicos extremos, poderemos, a curto prazo, começar a sentir quebras na oferta de alimentos nos supermercados e subidas de preços. Só a colaboração entre a academia, a ciência, as empresas e os produtores permitirá minimizar o cenário.

Na segunda-feira, dia 30, celebrou-se o Dia Mundial das Redes Sociais. Na véspera, um relatório do Observatório Europeu dos Media Digitais, que analisou a desinformação na União Europeia, concluiu que “Portugal quase não tem medidas legislativas centradas na desinformação” e “muitas das narrativas de desinformação [nas redes sociais digitais] estão relacionadas com a corrupção, especialmente a corrupção governamental”, contra a democracia, contra as migrações e refugiados.

Criadas para unir e colocar mais pessoas em contacto, as redes sociais digitais, graças a algoritmos intencionalmente questionáveis e quase ausência de controlo exercido pelas empresas proprietárias, são usadas para a disseminação de informação deturpada, mentira, ódio e incentivo à violência. Os autores destes discursos foram identificados em todo o espectro político, porém escudam-se, sem vergonha, na liberdade de opinião.

A situação tem tudo para piorar uma vez que a capacidade de desenvolver sentido crítico, empatia e bom-senso – não confundir com o senso-comum -, mostram estudos recentes, está enviesada pelos algoritmos e pela IA. O início da busca por soluções tarda.

Por cá, no dia 1, arrancou a fase Delta, que marca o ponto alto do risco de incêndio rural em Portugal, coincidindo com os meses mais secos e quentes do ano. Para ajudar à tarefa, o Politécnico de Leiria desenvolveu o DBoidS – Sistema de Gémeos Digitais e boids para a prevenção de fogos, uma iniciativa que faz recurso a uma esquadrilha de drones aéreos coordenados e de tecnologia de gémeos digitais e IA para detectar ignições e identificar os seus autores em tempo real. Um exemplo do melhor que se faz na região.