Opinião

Ucrânia: até quando?

12 mar 2022 15:45

Por cá vamos assistindo, incrédulos, à postura de alguns partidos políticos

Quando nos começávamos a preparar para sair destes últimos dois anos sombrios e de grande preocupação económica e social, que nos entraram casa dentro com a designação de Covid-19, com as graves consequências que todos hoje conhecemos, designadamente com os milhões de mortes por esta pandemia, que desafiaram de forma extrema todos os serviços de saúde, eis que nos defrontamos com uma nova guerra, agora de pessoas e armas, com a invasão da Ucrânia por parte da Rússia do desequilibrado Vladimir Putin.

Desde os tempos da guerra fria em que constantemente se ia colocando em dúvida a paz mundial, e excluindo a questão particular do Iraque, o bom senso acabou sempre por imperar, muito fruto do equilíbrio, ou não, do poderio militar dos EUA e da Rússia.

Por isto, não se vislumbrava um qualquer sinal de guerra, ainda por cima tendo como pano de fundo a Velha Europa.

Só que nunca nos devemos esquecer de alguns líderes autocráticos que se vão perpetuando no poder.

Putin já leva 22 anos de poder repartido entre primeiro-ministro (4) e presidente da Rússia (18), tendo já garantido as necessárias condições para, se quiser, permanecer no cargo até 2036!

Sem dúvida que todo este expediente interno lhe terá torpedeado a consciência, julgando-se capaz de tudo, de tal modo que, de forma mais ou menos inesperada, mas comprovadamente muito bem pensada e preparada, se lançou para a invasão dum país soberano independente e democrático, a Ucrânia.

Como pretexo inventado, usou uma eventual entrada na NATO como ameaça para a Rússia, para além da loucura de justificar o seu acto como sendo de legítima defesa para proteger a população local de um genocídio e desmilitarizar e “desnazificar” o País.

Perante tudo isto vamos assistindo aos avanços russos, com a consequente morte de dezenas de civis, entre os quais 25 crianças, que parece não querer ceder apesar de todas as sanções que a generalidade dos países e das organizações e instituições de todo o Mundo vão aplicando, deixando cada vez mais isolada a Rússia.

No entanto, não é expectável que os países da NATO possam perspectivar qualquer intervenção no terreno, por tudo o que poderia provocar perante a pessoa claramente perturbada que se encontra do outro lado, o que de alguma maneira nos vai deixando desanimados face à incapacidade de conseguir algo diferente, atendendo ao falhanço das diligências diplomáticas e não acreditando que as negociações que vão decorrendo consigam encontrar uma qualquer solução.

Vai por isso valendo a estoica e destemida reacção da Ucrânia, defendendo o que é seu, sendo que a grande questão é até quando conseguirá resistir e quanto tempo pode demorar esta guerra de paciência, com consequências imprevisíveis.

Por cá vamos assistindo, incrédulos, à postura de alguns partidos políticos, PCP e Bloco de Esquerda, sendo interessante observar a vertiginosa mudança dos comunistas, talvez percebendo que seria mais uma grande machadada para o seu desaparecimento.

Muita preocupação, também de natureza económica, com as implicações desta guerra, que se vão observando com bastante apreensão nalguns sectores importantes, designadamente com forte dependência de fornecimento da Rússia e da Ucrânia, como por exemplo os cereais e o minério.

Adicionalmente, o aumento brutal do preço dos combustíveis, em cima do preço pornográfico a que já íamos assistindo em Portugal, esperando, por isso, que este Governo socialista tome medidas rápidas no sentido de minorar esta situação.

Por tudo isto, se antevêem dias longos para o bravo povo da Ucrânia, esperando-se de todos nós uma congregação de esforços como o velho continente nunca assistiu.