Opinião

Um exército para a Sílvia Patrício

29 set 2016 00:00

Reuniram-se condições e a câmara cuidou da autorização dos proprietários do muro para que nele se inscrevesse a interpretação pictórica dos dois jovens.

E porque não?!

Senão vejamos a história recente da nossa cidade. Em 1999, aquando das comemorações dos 25 anos da Revolução de Abril, o professor Carlos André, então governador civil do distrito de Leiria, convocou uma mão-cheia de gente ligada às artes, nas suas mais diferentes expressões, e lançou o repto de fazer daquele ano, em particular, uma data de evocação pela via da cultura.

A cidade, o distrito e todos nós ficámos mais ricos pelo exemplo da ação de um agente político que catalisou vontades e saberes, sem cair na tentação de ser um programador cultural a quem, como amiúde acontece, apenas interessa contabilizar o número de espectadores, ou querer-nos, aos criadores, como meros acessórios ou figurantes.

Tivemos total liberdade para sugerir, para criar mas, sobretudo, palcos e públicos mobilizados por um querer comum. E surgiram textos e pinturas e esculturas e teatro e música e a festa encheu a Praça e as gentes que por aqui habitam. Ano feliz, aquele!

A mim coube-me a modéstia de uma peça de teatro, “Sr. Alfredo, apresenta-se”, que lá foi distrito fora, e a sugestão de um mural alusivo à data mas pela perspetiva de dois jovens que ainda não eram nascidos em 1974, mas que pintavam, à socapa e bem, paredes, em 1999: César e Rafa, de seu nome artístico. Sugestão aceite lá fui à cata desses “pintadores de paredes” que deixavam rasto pelas paredes da cidade.

Reuniram-se condições e a câmara cuidou da autorização dos proprietários do muro para que nele se inscrevesse a interpretação pictórica dos dois jovens. Nasceu obra, e que bela obra, ali num muro em frente à Rodoviária Nacional e que por ali se manteve intacta, admirada e respeitada durante quase vinte anos. Pensemos agora na atualidade da nossa cidade.

*Psicólogo clínico
Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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