Editorial
Um teste à cidadania
A região de Leiria, de uma forma geral, tem conseguido manter-se afastada das linhas vermelhas que obrigam a medidas de restrições mais radicais.
Confinamento. Uma palavra que há dois anos se encontrava nas catacumbas do nosso léxico quotidiano, ganhou, por causa de um vírus, dimensão universal. Passou a ditar a cadência da vida. Em família e em sociedade.
Obrigou-nos a repensar formas de consumo, a encontrar outros métodos de trabalho, a criar novos modelos de negócio, a reparar que afinal vivem outros humanos nas cercanias da nossa varanda. Obrigou-nos a mudar comportamentos. Se para melhor ou para pior, só mais tarde se saberá.
Assim sendo, este é o momento para falar de passado e presente, porque disso depende o futuro. O nosso e o das próximas gerações.
Esta semana entrámos na segunda fase de desconfinamento. Foi fácil perceber, pelos testemunhos recolhidos no trabalho de abertura desta edição, o quanto se ansiava pelo regresso às aulas, às compras, às conversas de esplanada, temperadas com uma refeição, um café ou uma imperial bem fresca, com o copo a transpirar.
Até o clima se aprimorou para dar mais ênfase a esta segunda tentativa de regresso ao ‘novo normal’. Mas atenção. O chamado inimigo invisível ainda anda por aí. E, numa batalha, o baixar da guarda pode ser meio caminho andado para a derrota.
A região de Leiria, de uma forma geral, tem conseguido manter-se afastada das linhas vermelhas que obrigam a medidas de restrições mais radicais.
Recordam-se, seguramente, que no ano passado, Leiria chegou a ser a única capital de distrito do País a ficar de fora do confinamento obrigatório. Já esta semana, o número de casos activos de Covid-19 no distrito registou o valor mais baixo dos últimos cinco meses.
Mas é preciso não esquecer o que se passou em Janeiro e Fevereiro, com a quantidade de óbitos a ultrapassar às centenas a média dos últimos anos.
É fundamental continuarmos a ter bem presente o esforço brutal a que estiveram sujeitos os profissionais de saúde, a capacidade de resiliência que tem sido exigida a grande parte do nosso tecido empresarial, a proibição do abraço e do aperto de mão.
Daqui a duas semanas, está prevista a terceira fase deste novo desconfinamento. Resta saber, se até lá, conseguimos provar que aprendemos com os erros do passado recente. Resta saber se somos capazes de aplicar a dose certa de civismo e de sentido comunitário, mantendo Leiria na rota do desconfinamento.