Opinião

Uma década de PS em Leiria

31 jan 2022 16:00

No último decénio, Leiria esteve praticamente estagnada em termos económicos

Na última década, com a mudança de ciclo político-partidário em Leiria do PSD para o PS, a orientação do discurso e da acção política tem sido no sentido de praticamente secundarizar o vector histórico e identitário do concelho, i.e., salientando a cultura em detrimento da economia.

Nesse sentido, utilizando os dados da DataCentro (CCDRC) e comparando com o concelho da Marinha Grande que tem uma predominância identitária empresarial, podemos verificar que, no último decénio, Leiria esteve praticamente estagnada em termos económicos.

No período 2009-2019, o poder de compra per capita de Leiria aumentou 3,3%, mas como houve, no mesmo período, uma perda populacional de 1%, significa dizer que o aumento efectivo do poder de compra foi de apenas 2%, ao passo que na Marinha Grande, utilizando a mesma metodologia de análise, o aumento do poder de compra foi de 4%.

Em contrapartida, o valor do arrendamento por metro quadrado em alojamentos familiares em Leiria é, hoje, 23% mais caro do que na Marinha Grande.

No que diz respeito ao comércio internacional, Leiria tem uma balança de bens deficitária. Em uma década, a taxa de cobertura das importações pelas exportações de bens é de 88,7% (as exportações pagam 88,7% das importações).

Na Marinha Grande, as exportações representam quase o triplo das importações. De 2009 a 2019, o volume de negócios por empresa em Leiria aumentou 25% e na Marinha Grande o incremento foi de 81%.

Quando vamos analisar a densidade de empresas, em 2009, Leiria tinha 30 empresas por km2 e em 2019 registou 30,7 empresas.

Ou seja, em uma década de governação PS houve praticamente uma estagnação do empreendedorismo leiriense.

No que diz respeito ao ambiente e qualidade de vida, na última década, a proporção de água segura para o consumo humano aumentou 2% em Leiria e 3,5% na Marinha Grande.

Portanto, os indicadores são inequívocos.

Em uma década de PS-Leiria, o crescimento do poder de compra foi lento e não foi acompanhado por uma melhoria significativa da qualidade de vida dos residentes.

O comércio externo leiriense é deficitário, o que, de certo modo, exprime uma desvantagem comparativa e competitiva na sua relação com o resto do mundo.

Tal situação se coaduna com a relativa estagnação do empreendedorismo e com o fraco crescimento do volume de negócios das empresas.

Em uma década, a quase obsessiva vontade autárquica de querer tornar Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027 gerou um custo de oportunidade demasiado alto – o seu enfraquecimento económico.

E um território que não implementa políticas públicas ambiciosas para fortalecer o seu ambiente económico, torna-se um território pouco competitivo e incapaz de atrair novos recursos produtivos (trabalho e capital).

A insistência da autarquia em políticas erráticas pode conduzir o PS-Leiria a uma fase de declínio e abrir o espaço para uma mudança de ciclo político-partidário.