Opinião

Vivem nela, mas não sabem!

9 set 2023 10:17

Descobri que nenhuma das crianças dos 10 aos 15 anos sabia que vivia na Rede Natura 2000

A educação ambiental é uma actividade excepcional de várias formas, já que permite uma interacção entre nós, contadores de histórias, e público variado, que pode englobar todas as gerações, desde miúdos a graúdos.

No que me toca, não vejo esta actividade como ensinar algo a outros, mas sim partilhar algo que sei com outros que não sabem, seja por que motivo for. E nesta partilha tenho aprendido muito ao longo dos anos que levo de contador de histórias ambientais. Miúdos de classes mais desfavorecidas, em escolas com poucas condições, miúdos de classes abastadas, em colégios de topo, adultos com a 4.ª classe e adultos com cursos superiores.

Já tive o privilégio de partilhar conhecimento com todos estes e mais alguns, aprendendo com todos e mais alguns. Odivelas, Porto e Viana do Castelo são alguns dos exemplos onde já estive, após convites de professores e educadores.

Mas, agora, quero destacar Ansião, o concelho onde mais tempo (e dinheiro) investi em educação ambiental. Porquê? Bem, há poucas semanas tive uma interacção que me marcou de sobremaneira e que é extremamente importante para quem, como eu, pugna pela literacia ambiental.

Esta interacção consistiu em duas palestras a crianças residentes em Ansião, numa estavam jovens dos 6 aos 9 anos e, noutra, dos 10 aos 15 anos. Durante uma hora cada, partilhei e interagi com todas estas crianças, tentando perceber o que sabiam e o que não sabiam sobre ambiente, de uma forma transversal e sempre criativa, incutindo valores.

O que é que, afinal, me marcou? Bem, descobri que nenhuma das crianças dos 10 aos 15 anos sabia que vivia na Rede Natura 2000. Era algo que, confesso, não estava à espera, mas que acaba por ser natural tendo em conta várias coisas, nomeadamente a falha do ICNF na gestão educacional da RN2000, das escolas onde os alunos estudam e dos próprios pais das crianças. É uma questão infelizmente transversal à sociedade portuguesa.

Agora imaginem quem irá gerir a Paisagem Protegida de Sicó? O ICNF...