Editorial
Votos de louvor
A AMIGrante encerra portas mas com a segurança de que os imigrantes “não vão ficar sem apoio”
É mais uma notícia triste. Depois de, na semana passada, termos lamentado o encerramento da Casa Abrigo que acolhia vítimas de violência doméstica na Batalha, esta semana, noticiamos o fechar de portas da Associação de Apoio ao Cidadão Migrante (AMIGrante).
Com duas décadas de actividade e quase 30 mil atendimentos, a associação constituída em 2003, não resistiu à falta de voluntários e ao facto do seu trabalho ter vindo a ser garantido pelos novos Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes, criados pelas autarquias com o apoio do Governo.
Apesar do momento, em que se regista um forte fluxo migratório na nossa região, o presidente da direcção da AMIGrante, Paulo Carreira, serve de porta-voz a todos os que, de forma voluntária e desinteressada, e longe dos holofotes, garantiram o funcionamento desta associação, proporcionando apoio social, jurídico e até emocional a quem aqui chegava, por vezes sem casa, sem emprego e sem saber uma palavra de português.
A todos os que atenderam aos pedidos de ajuda relacionados com a documentação, mas também lidaram com denúncias de quem pagou a advogados ou contabilistas para que lhes tratassem dos processos de legalização e ficou sem dinheiro e sem a situação regularizada no País.
A todos os que contribuíram para a realização de programas de integração, de acções de sensibilização, de eventos que promoveram a compreensão mútua entre diferentes culturas e enalteceram a diversidade como um activo e não como uma barreira.
É por tudo isto que Paulo Carreira considera que a AMIGrante “cumpriu o seu papel” e que encerra portas mas com a segurança de que os imigrantes “não vão ficar sem apoio”.
Um exemplo de solidariedade da sociedade civil que merece, não um, mas muitos votos de louvor