Entrevista

Camané: “Tive vergonha de falar ao Marceneiro e fui em frente e sentei-me numa mesa com a Amália”

18 abr 2024 11:13

Já vão longe os tempos de criança em que ouvia fado às escondidas, por vergonha. Hoje é em palco a voz da tradição que aprendeu em tertúlias com os maiores, de canção em canção, noites a fio (fotografia de Ricardo Graça)

No Teatro Municipal de Ourém, onde cantou recentemente
Ricardo Graça

No penúltimo álbum, de 2019, com Mário Laginha, o tema que dá nome ao disco, “Aqui Está-se Sossegado”, é um poema de Fernando Pessoa com música de José Júlio Paiva, o bisavô de Camané, também ele, alguém com o fado no sangue, embora amador (mudou-se para Lisboa com o fim de trabalhar na construção naval). Camané, actualmente com 57 anos de idade, só recentemente, há “seis ou sete anos”, ouviu a voz do bisavô pela primeira vez, graças a um coleccionador, que tinha uma gravação, em disco, registada ainda no primeiro quartel do século XX. Depois de Aqui Está-se Sossegado, Camané, que é natural de Oeiras, lançou Horas Vazias, em 2021, o mais recente longa duração de uma carreira recheada de êxitos em que foi distinguido com vários galardões, como o Prémio Europa — David Mourão-Ferreira e os prémios Amália e Blitz para Melhor Intérprete, assim como o Prémio Bordallo, da Casa da Imprensa. Após vencer a Grande Noite do Fado de Lisboa, em 1979, participou em produções teatrais de Filipe la Féria, cantou em casas de fados, colaborou durante décadas com José Mário Branco e integrou o colectivo Humanos, entre muitos outros projectos.

Li que o Camané nunca canta em casa. Ainda é verdade?
Nunca canto em casa. Canto outras coisas, a brincar. Mas canto para mim, na minha cabeça, se estiver a pensar num tema. Às vezes, vou deitar-me e começo a ouvir como é que ele funciona. Mas nunca em voz alta.

Alguma explicação?
Mesmo em criança, nunca fui de cantar no duche. Tinha vergonha, também. Que me ouvissem.

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