Em traços largos, o que é a permacultura?
É uma metodologia de design, que procura criar soluções.... Se, no design gráfico, as soluções são gráficas, na permacultura criam-se soluções de sustentabilidade de uma cultura. Procura-se criar comunidades humanas e ecossistemas humanos tão sustentáveis quanto os naturais. É uma metodologia, é um movimento internacional e é uma filosofia de vida, que assenta em princípios éticos. Quando percebemos os princípios de funcionamento dos sistemas naturais, conseguimos extrair guias e usar a nossa inteligência e criatividade para desenhar formas de vida sustentáveis e “culturas permanentes”. Este conceito refere-se à interacção saudável entre a comunidade e o seu território, aos modos de vida, hábitos, costumes e práticas conscientes, individuais e colectivas, que se manifestam em paisagens sustentáveis, que promovem a qualidade de vida dos cidadãos, a resiliência e a prosperidade de um território. Para isso, deve-se cuidar do planeta e das pessoas e partilhar os recursos de formas equitativa e justa. São estes três princípios éticos que estão na base de qualquer decisão de design.
O ser humano já viveu dessa forma durante milhares de anos.
A permacultura é uma metodologia que integrou o conhecimento ancestral, com o conhecimento actual e científico. Antigamente, os aborígenes australianos viviam assim, sem uma metodologia intelectual para os guiar, pois estavam em contacto directo com o ecossistema. A permacultura surgiu como uma necessidade de recordar às pessoas a necessidade de viverem de forma sustentável nos ecossistemas dos quais fazem parte e dos quais dependem. O que a permacultura trouxe de novo foi a transformação numa metodologia. O ser humano estuda a ecologia e, de forma racional, transpõe esse conhecimento para o desenho dos seus sistemas. A ecologia deveria ser ensinada nas escolas desde o infantário, pois é a base do desenho de qualquer sistema, dos agrícolas aos económicos e sociais.
No dia-a-dia, porém, a ideia comum é que os humanos não fazem parte da natureza. Acreditamos estar acima dela e não a precisamos de respeitar.
Vivemos em afastamento da natureza, esquecemo-nos que somos parte da teia da vida e que somos animais. Esquecemo-nos de que somos parte de um conjunto de organismos do planeta, dos fungos às plantas ou bactérias e que somos co-dependentes uns dos outros. Temos de voltar ao paradigma biocêntrico e perceber que somos apenas uma componente da vida. Somos uma espécie tão recente num planeta que tem vida há 3,5 mil milhões de anos e veja-se o impacto que já fizemos nos ecossistemas, na atmosfera. Estamos a mudar a hidroesfera e o ciclo da água e o impacto que temos no solo, que é o suporte da vida! Temos de perceber que podemos ter um papel benéfico na sustentabilidade, como têm todos os outros elementos do ecossistema. Já degenerámos tanto estes sistemas de suporte da vida, que temos de mudar o foco para a sua regeneração, para que eles nos sustentem.
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