Sociedade

Herman José: “A liberdade, para funcionar, tem de ser condicionada”

10 out 2019 00:00

Entrevista | Voltar à estrada, depois de viver anos “numa redoma”, como a televisão, tem-lhe dado uma visão bem diferente do país. Outra fase na vida do humorista.

Paula Sofia Luz

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Durante muito tempo, na televisão, dedicava-se a satirizar vários poderes, desde a religião à política. Nos últimos tempos mudou esse registo. Porquê? O país perdeu a piada?
De maneira nenhuma. No outro dia estava a pensar nisso. Eu acho que há momentos de convicção na nossa vida. Algures entre os 30 e os 40 anos. Depois perde-se. Vou dar-lhe uma lista de pessoas que estão no auge dessa convicção: a Cristina Ferreira, o César Mourão, o Ricardo Araújo Pereira… estão no auge do seu momento. Eu no outro dia vi um momento meu dessa fase e quase corei de vergonha.

Qual foi?
A Diana Kroll está a tocar piano, num programa meu. E eu digo ‘deixa-me cantar contigo’ e interrompi-a. Hoje eu jamais faria isso. Teria o maior pudor em interromper uma senhora que está a tocar, porque eu acho que também canto… é qualquer coisa que com o tempo se vai alterando.

Passa com a idade? Passa com outras coisas. Às vezes lembro- me de mim, nessa fase dos anos 80, quando no final dos espectáculos o Cipriano me dizia ‘o Herman não acha que isto hoje foi um bocadinho de mais’? Porque me apetecia de repente ‘rasgar pano’, partir algumas barreiras. Hoje em dia a minha grande preocupação é sair do palco com toda a gente feliz. Como é que as minhas coisas picantes podem ser ditas de forma a que os pais não se preocupem com as crianças, porque elas simplesmente não chegam lá. Basta não usar palavrões. Para quê ferir as pessoas politicamente? Vale a pena bater no Sócrates, se ele já está mais do que batido pelo Ministér

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