Entrevista
João Aidos: “A cultura é também tida como uma estratégia de comunicação com a comunidade”
20 fev 2025 09:10
O director do Teatro Municipal de Ourém diz que o projecto trabalha a formação individual do cidadão, o sonho e o colesterol da imaginação (Fotografia de Ricardo Graça)
Com vasta experiência em projectos de reabilitação de equipamentos e programação cultural, João Aidos já trabalhou em mais de uma dezena de concelhos e em espaços como o Convento de São Francisco em Coimbra, o Espaço Oficina em Guimarães, o Teatro Aveirense ou o Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria. Gestor, programador, produtor, consultor e engenheiro projectista, fez também teatro e fundou a ACTA – Companhia de Teatro do Algarve e a Efémero – Companhia de Teatro de Aveiro. Antigo director-geral das Artes, dirige actualmente o Teatro Municipal de Ourém.
Para que serve um teatro municipal?
É um lugar, um espaço, com determinadas valências técnicas, que, por norma, funcionam para ter uma programação artística dentro das artes performativas, ou também visuais, para fruição cultural de uma comunidade, programação essa que deverá servir para me capacitar, para me dar outros olhares. Um espaço de encontro comigo próprio, de me dar outras ferramentas, sobretudo, olhares e interpretações de artistas que me dão a mim outros olhares, que eles têm, de interpretação, sobre vários temas, do amor, da morte, da vida, dos vários assuntos que compõem o nosso percurso. E é um espaço de excelência a nível da beleza, onde estes artistas interpretam momentos que são transcendentes. É um espaço também de questionamento, de inquietação, que me vai dar outro tipo de ferramentas, sobretudo outros olhares, que são importantes para a minha maneira de estar na comunidade e na sociedade.
E como é que se mede ou avalia o contributo para a população e o impacto social?
É sempre difícil medir de uma forma que às vezes as pessoas querem. Não dá para medir com fita métrica. A tolerância ou a criatividade ou a inovação, nós não conseguimos medir, mas, se somos cidadãos mais activos, se somos mais tolerantes, se somos mais criativos, de certeza que também se deve àquilo que foi o nosso caminho a nível do contacto com as artes performativas ou artes visuais. Há imensos ingredientes e o bolo pode ser melhor ou não consoante esses ingredientes. Isto são as vitaminas que nos fazem crescer e viver. E é isto que também transforma as comunidades. As comunidades vivem numa determinada geografia, com uma determinada cultura, uma determinada história, uma determinada memória, que é única, sempre, e este espaço serve também para esse espaço de liberdade de pensamento. É também um espaço de desenvolvimento da imaginação, que é algo que é mesmo muito importante. Também é um espaço para a contemplação. Nós precisamentos de espaços para contemplar numa sociedade de informação muito rápida, global. Cada vez a informação é maior, e, também, que informação é essa? Como é que eu filtro essa informação? Qual é a verdade dessa informação? Estes espaços culturais, estes espaços programáticos, eu entendo-os como um espaço de iberdade para cada cidadão poder estar consigo próprio.
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