Sociedade
Geoparque Oeste é guardião de 1.154 quilómetros quadrados de tesouros naturais
Até ao final do ano, acontecerá a integração na AGEO – Associação Geoparque Oeste dos municípios de Alenquer e Óbidos, com vista a um futuro alargamento do território do geoparque a estes municípios
Desde 27 de Março deste ano, que o território do Geoparque Oeste passou a ser reconhecido como Geoparque Mundial da UNESCO.
Esta chancela é concedida pela Rede Global de Geoparques e validada pelo Conselho Executivo da UNESCO a este território que integra os municípios do Bombarral, Caldas da Rainha e Peniche, no distrito de Leiria, e do Cadaval, Lourinhã e Torres Vedras, no de Lisboa.
O Geoparque Oeste passou a ser o sexto Geoparque Mundial da UNESCO, em Portugal, e um dos mais de 200 territórios com esta chancela a nível mundial.
Com uma área total de 1.154 quilómetros quadrados, conta com 72 quilómetros de costa atlântica, onde cerca de 15 correspondem a praias de areia.
O director-executivo, Miguel Reis Silva explica que estas zonas do litoral representam um “grande atractivo” para os habitantes locais e para os visitantes ocasionais ou sazonais.
“Também, as paisagens geológicas e a exposição das camadas geológicas nas arribas com dinossauros, atraem interessados, investigadores e turismo científicoco de todo o mundo”, adianta, salientando que a riqueza e diversidade do Geoparque Oeste resulta da presença de rochas com idades desde o final do período Triássico até ao Quaternário, maioritariamente terrenos do Jurássico (77%), do Cretácico inferior (13%) e de outras idades (10%).
Em Junho, dar-se-á a reabertura do Centro de Interpretação do Geoparque Oeste no Bombarral, e até ao final do ano a integração na AGEO – Associação Geoparque Oeste dos municípios de Alenquer e Óbidos, com vista a um futuro alargamento do território do geoparque.
Sendo uma área territorial de relevância geológica a nível internacional, centrada no período Jurássico e com fósseis singulares, com um património cultural diversificado e historicamente importante, o reconhecimento deste território como Geoparque Mundial da UNESCO vem contribuir para “um aumento da sensibilidade para a conservação e manutenção do património natural e cultural, ao nível local e regional, para a produção, partilha e divulgação do conhecimento científico local e para o envolvimento da comunidade, de pessoas singulares e colectivas”, entende o director-executivo.
Miguel Reis Silva sublinha que se trata da “promoção do bem-estar das populações, através do aparecimento de novas oportunidades de negócio e de um aumento progressivo da procura dos seus produtos e serviços”, além do aumento progressivo do número de visitantes no território de um modo sustentável e da projecção nacional e internacional do território e no desenvolvimento cultural, social e económico.
A ideia de criação do geoparque partiu das principais entidades oficiais e científicas do território, dos seis municípios, do Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã, da Sociedade de História Natural e da Universidade Nova de Lisboa.
“As autarquias assumiram este projecto como uma estratégia de desenvolvimento territorial alicerçada na geodiversidade de excepção do território e do seu património natural e cultural de relevância nacional e internacional”, recorda Miguel Reis Silva, salientando que, a nível da comunicação desta estratégia, tem havido o cuidado de empregar uma metodologia que comunica o território como um todo, sem nunca esquecer as especificidades e identidade de cada município.
“Esta metodologia leva a uma aceitação mais ágil e eficaz por parte de empresas, instituições e comunidades locais do papel deste geoparque no panorama local e regional. Como exemplo, os mais de 60 programas turísticos integrados disponíveis e desenvolvidos exclusivamente por parceiros locais e regionais do Geoparque Oeste”.
O director-executivo refere que um Geoparque Mundial da UNESCO é sempre “um farol”, que chama para si quem procura turismo de qualidade e sustentável e “quem procura um território para criar negócios ligados a este espírito de sustentabilidade dos recursos endógenos e ligação com os ecossistemas”.