Viver
A Ilha que faz a diferença num festival de Verão (com galeria)
Associação Recreativa, Cultural e de Promoção Social, da Ilha, Pombal.
Se tudo correr como se quer, dentro de alguns anos o Ti’Milha será um nome a ter em conta no roteiro dos festivais de Verão, a meio caminho entre o Músicas do Mundo, de Sines, e o Bons Sons, de Cem Soldos, Tomar.
Faltam dois meses para que o Parque de Merendas da Ilha (Pombal) se torne de novo o palco de música, teatro e cinema, misturando públicos diversos, mas, na Rua da Capela de São João, há um café-bar onde já se sente uma “vibração” própria de festival.
É sábado à noite e O Lanheiro está à pinha para assistir à apresentação daquela que há-de ser a terceira edição do Ti’Milha. David Gomes, o jovem presidente da ARCUPS (Associação Recreativa, Cultural e de Promoção Social) sobe a um pequeno palco e abre o livro: “estão preparados para a apresentação do cartaz?”
ARCUPS nasceu há 32 anos
A Associação Recreativa, Cultural
e de Promoção Social, da Ilha,
nasceu em 1986, quando, na terra,
havia uma banda filarmónica, um
clube de futebol, um grupo de
música popular, um rancho
folclórico
O entusiasmo da plateia responde que sim. A maioria da clientela do Lanheiro - que se situa mesmo ao lado da sede da filarmónica local, e serve de ponto de encontro até para a Direcção da associação, à falta de uma sede - é jovem. Mas também há casais de meia- -idade, rapazes tatuados, raparigas de cabelo azul, brincos e piercings, e gente de camisas engomadas.
Há de tudo, ali, como no festival. E quando David chega à parte do programa que destaca os Semibreves (grupo de música popular portuguesa nascido ali mesmo, na Ilha) percebe-se bem como o bairrismo é nome do meio, entre a Ilha de Cima e a de Baixo.
Sede prometida
O café O Lanheiro, ao lado da
sede da filarmónica local, serve
como sede putativa para a
Direcção da associação, à falta de
instalações próprias. Prometida,
está uma sala de aulas
desactivada, na Ilha de Cima, o
que permitirá alargar mais o leque de
iniciativas
No ecrã, passa um pequeno vídeo de uma actuação do grupo, e, num instante, há um coro de dezenas de vozes a acompanhar o tema, que sabem de cor: “o sol encobre/brilha o luar/a noite é bela/vamos gozar”. É o mesmo público que entre os dias 20 e 22 de Julho vai cantar e dançar ao som dos Pás de Problème ou Quinta-feira 12. Sem preconceitos.
O cartaz deste ano - com apoio financeiro do Município de Pombal e do Instituto Português do Desporto e Juventude - volta a ser bem diverso. Às duas bandas já mencionadas juntam-se Mirror People, Os Compotas, All Freak Band Happy People, J. Bird Person, Catarino, A Boy Named Sue DJ Set e Nomad DJ Set.
Depois há o teatro, a dança, o cinema e a música popular. “Procuramos não nos centrar só na música, mas percorrer todas as artes”, lembra David Gomes. O grande objectivo deste festival, criado em 2016, por iniciativa de Vítor Couto dos Santos, figura local que todos conhecem do restaurante O Caseiro, continua a ser “homenagear uma certa cultura da Ilha”.
Na primeira edição, a imagem do Ti’ Milha foi “uma personagem, que retratasse este bom ambiente que temos na terra”. Na verdade, qualquer idosa nas aldeias passa a ser “ti” qualquer coisa, e as Emílias transformam-se em “Emilha”, a quem todos tratam por “Ti‘Milha”.
A personagem encarna uma mulher bem-disposta, como as artesãs que, a partir da Ilha, trabalham o bracejo, na cooperativa de cestinhos. E o vídeo de apresentação mostra-o bem: no final, três ou quatro avós apelam, cada uma por si, à ajuda de todos, através de uma plataforma de crowdfunding.
Até Julho, a ARCUPS tem muito para trabalhar. “Ainda estamos à procura do que pode ser o Ti’Milha. O objectivo tem sido criar um ambiente que seja excepcional: que as pessoas se divirtam, com espírito muito alegre, onde se ouça música mas também se salte e dance, numa vibração muito positiva”.
Há vida para lá do Ti’Milha
A Associação ARCUPS nasceu há 32 anos, num tempo, quando a Ilha, que chegou a ser freguesia, antes da fusão com a Guia e Mata Mourisca, já dava cartas em mat&eacu
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