Desporto

As batalhas de Vanessa Farinha até se tornar uma lenda do breaking

19 set 2021 09:16

A bailarina dos Pousos emigrou para Londres atrás do sonho de ser bailarina profissional e encontrou no breaking o seu nicho. Agora, luta pelo apuramento para os Jogos Olímpicos de 2024

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Vanessa Silve a dar show no Silo Auto do Porto no passado fim-de-semana
Hugo Silva/Red Bull Content Pool

Quando Vanessa Farinha entrou na Escola Superior de Dança, os pais ainda lhe chamaram a atenção com um “tu vê lá”. Contudo, estava tudo muito mais do que decidido. Era daquilo que realmente gostava e queria mesmo fazer.
“Nunca lhe cortámos as pernas. Dissemos-lhe os prós e os contras, ela é que decidiu e nós apoiámos. Ao menos faz aquilo que gosta”, diz a mãe Luísa, orgulhosa dos feitos que a filha tem alcançado no breaking – ou breakdance – que a poderão levar à estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos, em 2024.

A paixão era antiga. Desde bem pequenina que andou no ballet e na dança contemporânea, mas lá pelos 14 anos, quando começou a assistir ao clips dançados de Justin Timberlake.

Ficou fascinada e entrou de imediato nas aulas de hip-hop no ginásio à porta de casa, nos Pousos. “Achei muita piada, porque era completamente diferente”, explica a bailarina.

Em 2010 entrou na Escola Superior de Dança, em Lisboa, mas as variantes de que mais gostava tinha de treinar na Estação do Oriente com o grupo de um amigo b-boy. Rapidamente começou a entrar em competições e a ganhar fama nas battles.

Para a família, esta vida num universo literalmente underground sempre foi encarado de forma “tranquila”. “Quem não está no meio pode temer pelo aspecto diferente de alguns deles, mas são todos humildes, gente boa”, sublinha a mãe.

Fotografia: Hugo Silva / Red Bull Content Pool

 

Já com o curso superior concluído e o estágio terminado, restava-lhe ser professora de dança, mas Vanessa não quis que assim fosse. “Queria dançar primeiro. Fazer parte de alguma companhia, por exemplo, e só ensinar mais na parte final da minha carreira de dançarina. Em 2014 decidi ir para Londres.”

Neste mercado com “muito mais oportunidades nas áreas das artes e da cultura”, habituou-se rapidamente ao frio, à chuva e aos dias cinzentos, porque acreditava que só lá poderia acordar, todas as manhãs, de sorriso nos lábios, a fazer o que realmente gostava.

Contudo, de início, não foi bem assim, “Fiz algumas audiências de contemporânea, mas como a concorrência em Inglaterra é muito maior não entrei nas companhias onde queria.”

Vanessa viu-se forçada a encontrar um trabalho num restaurante, porque as contas tinham de ser pagas, mas ainda jogava com um trunfo na manga. Tinha a saída do breaking, que continuava a treinar.

“Em Inglaterra o nível é muito maior e há competições quase todos os fins-de-semana, mas decidi que ia tentar durante um ano. Se não resultasse, já tinha a certeza de que não era para mim e que tinha de me dedicar a outra coisa qualquer.”

Fotografia: Maiur Narendra/Red Bull Content Pool

 

A verdade é que as coisas aconteceram. Começou a ganhar e a viajar para battles cada vez mais importantes. Para competir, mas também para ajuizar ou ser mera convidada.

“Atingi um nível que nunca imaginei. Os meus ídolos já eram os meus concorrentes”, admite, convicta de que “dedicação e persistência fazem os sonhos tornar-se realidade”. E ganhou competições onde “nunca na vida” pensou, sequer, ter a “oportunidade de pisar o palco”.

Em 2019, ganhou um dos eventos mais badalados, o Red Bull BC One do Reino Unido e apurou-se para a final mundial. Em 2020, voltou a estar na final da mesma competição, mas perdeu-a.

Já este ano, a prova passou a disputar-se também em Portugal – decorreu no passado fim-de-semana - e Vanessa não deu hipóteses à concorrência. “Tem outro sabor, porque é o meu país. Faz mais sentido. Treinei muito para aqui chegar e esse é mesmo o segredo, é o treino que faz a perfeiç

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