Atravessar o Atlântico até Leiria pelo sonho da dança

Arrastam as famílias para esta aventura. Famílias que, em função do sonho dos filhos, deixaram para trás muito do que já haviam conquistado nos países onde sempre viveram. Vieram do Brasil e de França, para que os filhos pudessem ter formação na Annarella Academia de Ballet e Dança, em Leiria.

A família Victorio percorreu quase oito mil quiló- metros. Anna Luiza e Allice trouxeram a mãe, Francilena Victorio, do Brasil para Leiria. De França, veio a família Bonini. Hector e Linus Bonini trouxeram a mãe, o pai e os dois irmãos mais novos. 

Foi Anna Luiza, de 14 anos, que tomou a iniciativa. A irmã, Allice, de 11 anos, também apaixonada pelo ballet, alinhou na ideia. Nasceram e viveram no Rio de Janeiro, Brasil, até Novembro de 2016, momento em que arrumaram as malas e vieram para Portugal para frequentar a Annarella Academia de Ballet e Dança. Uma oportunidade irrecusável, garantem.

A mãe, Francilena Victorio, confessa: "inicialmente, fiquei chocada. Nunca pensei que elas quisessem vir para Portugal". Têm família na América e sempre pensou que, se algum dia saíssem do Brasil, seria para lá que se mudariam. Mas a vontade das filhas não foi essa.

Tiveram conhecimento da academia através da internet e foi Anna Luiza, deslumbrada por vídeos a que ia assistindo, que mais insistiu para que viessem para Portugal. Dança desde os oito anos de idade mas foi aos 10 que decidiu que o queria fazer profissionalmente. "Percebi que esta escola me oferecia todas as condições necessárias à minha formação. O trabalho que aqui desenvolvem é muito bom." E, determinadas, dizem que não tiveram qualquer problema em trocar o país onde nasceram, por Portugal, em função da paixão pelo ballet.

Para a mãe, as coisas não foram tão fáceis assim. Confessa que deixou muita coisa para trás, mas, por elas, as filhas, “tudo vale". No que aos estudos diz respeito, as jovens frequentam escolas de Leiria: Anna Luiza está inscrita na Escola Secundária Afonso Lopes Vieira (ESALV) e Allice na Correia Mateus.

Sempre que necessário, Francilena pede ajuda a Annarella Sánchez ou Fernando Fernandes, da academia, que ajudam em tudo o que é preciso - "é um aconchego, principalmente para mim, que sou mãe e estou aqui sozinha com as duas crianças".

E, admite, este apoio que lhes foi oferecido ajudou, também, na decisão de vir para Leiria. "A forma como eles nos explicaram tudo, ia-nos deixando cada vez com mais certezas de que esta era a escola mais adequada. Fez com que eu ficasse segura e não me arrependesse da decisão que havia tomado, de ter deixado tudo para trás em função do sonho delas."

Anna Luiza já frequentou cursos em academias de ballet de cidades noutros países, como Miami e Washington. Mas foi nesta escola de Leiria que encontrou, com a irmã, tudo aquilo que precisam para um dia serem bailarinas profissionais.

Francilena Victorio considera que uma boa escola não se mede apenas pela técnica que ensina aos alunos, mas também pela formação humana. "Dão-lhes maturidade emocional, que elas levam para a vida." E, acrescenta, as filhas "querem ser bailarinas por completo".

Inicialmente, Francilena confessa que teve algum receio. "As minhas expectativas não estavam muito altas. As coisas nem sempre são como a Internet nos mostra, não sabia se tudo aquilo não seria apenas marketing." No entanto, quando chegou a Leiria, teve a oportunidade de assistir a aulas abertas nesta escola e ficou certa da "grandiosidade da academia".

De Paris para Leiria

De França, mais concretamente de Paris, veio a família Bonini. Hector e Linus Bonini já dançavam naquele país, mas conheceram a Annarella Academia de Ballet e Dança no YGAP (Youth America Grand Prix), em Novembro de 2015. No final do mês de Dezembro desse ano, já estavam em Leiria.

Hector tem 12 anos de idade e Linus, 10. Com eles, trouxeram a mãe, Loïca Bonini, o pai e os dois irmãos mais novos, de seis e nove anos. Quatro rapazes e todos eles escolheram "áreas nas quais não há muitos rapazes", diz a mãe. Hector e Linus escolheram a dança e o ballet, e os mais novos, ginástica.

E por não ser muito frequente haver rapazes em academias de dança, muitas vezes, as aulas são mais direccionadas para as raparigas, considera Loïca. E este foi um dos motivos que trouxe esta família francesa a Leiria.

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