Economia
Automóvel: num mercado que não cresce, “muitos ficarão pelo caminho”
O negócio automóvel “mantêm-se em queda”, tendo as matrículas de novos caído 4% em Junho. Em Leiria, a entrada de um novo operador irá mexer na dinâmica do mercado
Em Junho foram matriculados “pelos representantes legais de marca a operar em Portugal” 29.743 veículos, o que traduz uma queda de 4% face ao mesmo mês do ano passado.
“O mercado mantém-se em queda pelo quinto mês consecutivo”, aponta a última análise da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
Analisando o primeiro semestre, a tendência é igual. No total, foram matriculados menos 3,7% veículos novos. A maior queda (4,4%) é nos ligeiros de passageiros.
Num mercado que não está a crescer, há ainda espaço para novos operadores? O JORNAL DE LEIRIA ouviu empresários e gestores do sector para perceber como está o negócio e quais as tendências.
A Matrizauto acaba de abrir um espaço em Leiria, no Alto do Vieiro, prometendo “os preços mais baixos do mercado”. Sendo uma empresa “bem estabelecida” e com uma oferta alargada, multimarca, de semi-novos mas também de carros com zero quilómetros, vai certamente mexer na dinâmica do mercado, acreditam os profissionais ouvidos.
“O mercado da região de Leiria é interessante e ainda tem potencial. Mas se a oferta passar a ser muito maior do que a procura vai ressentir-se”, entende Pedro Rodrigues, responsável pelo Centro Porsche Leiria.
Os players deste mercado “vão formando grupos, aproveitando sinergias” para serem mais eficientes, e as empresas mais pequenas “são as que mais se ressentem, sobretudo se não se especializarem numa oferta diferente”.
A Matrizauto (que não respondeu às questões do JORNAL DE LEIRIA em tempo útil) integra o Grupo JAP, que iniciou a sua actividade em 1904 em Marco de Canaveses e que hoje está presente em vários pontos do País. É representante de marcas como a Renault, Dacia, Nissan, BMW, Volkswagen, Mitsubishi, Audi e MAN.
Desde 2014 representa também a Sixt, uma das maiores empresas de rent-a-car mundiais. E criou o “conceito inovador” de “megastore de viaturas semi-novas”, que é a Matrizauto, onde vende também carros usados e com zero quilómetros. De acordo com informação disponível no site, a sua origem tanto pode ser nacional como intra-comunitária.
António Júlio Sousa afirma que “o mercado está a cair”. No caso concreto do Grupo Auto Júlio, as vendas de veículos novos desceram 10% nos primeiros seis meses, face ao período homólogo. O empresário entende que a região já não suporta mais operadores e que “num mercado que não está a crescer muitos ficarão pelo caminho”.
Para este empresário, as consequências do aumento da concorrência far-se-ão sentir tanto nos pequenos stands que vendem usados, que sofrerão mais, como nos concessionários que, na sua opinião, terão tendência a acabar num prazo de dez anos.
“Os importadores estão a pôr a corda ao pescoço dos concessionários, a quem colocam exigências que não colocam a essas outras empresas”. Segundo explica, “exigem tanto aos concessionários” que os custos que estes têm de suportar não lhes permitem reduzir preços. Por isso, empresas como a Matrizauto e outras do género “podem vender muito mais barato”.
“Não é bem assim”, contrapõe Nuno Grosa, administrador da Benecar, empresa da Benedita que está há 28 anos no mercado automóvel e comercializa viaturas usadas, semi-novas e também novas, de todos os segmentos.
“O que acontece é que às vezes há negócios de oportunidade que os concessionários não querem e que nós aproveitamos”. Segundo explica, há momentos em que “as marcas precisam de matricular carros, porque têm objectivos a cumprir com os fabricantes, e fazem grandes campanhas”.
Muitas vezes, esses carros “vão directamente para empresas como a nossa. São as marcas a decidir onde os colocam”.
No grupo da Benedita existe também um rent-a-car, mas os veículos comprados para esta actividade “só podem ser vendidos [ao público] ao fim de seis meses”. Além dos carros provenientes deste negócio, as compras directas aos importadores são a outra origem dos carros da Benecar, que comercializa maioritariamente veículos com um máximo de três anos.
O empresário considera que o mercado ainda “chega para todos”, mas admite que as empresas mais pequenas possam ressentir-se mais quando surge um novo concorrente. Acredita que a Benecar não será afectada pela chegada de um novo operador, até porque “a maneira de trabalhar é diferente”. “Temos um plano de fidelização e acompanhamos os clientes”.
Com os aumentos dos preços dos carros novos devido às novas regras de emissões, os compradores estarão a privilegiar os usados e os semi-novos, aponta Nuno Grosa. Também Nuno Roldão nota esta tendência.
“Os clientes estarão a refugiar-se nos semi-novos, talvez por exaustão do poder de compra”, aponta o administrador da Lubrigaz. Esta empresa de Leiria está a registar este ano uma quebra na ordem dos 4% nos veículos novos, mas a subir as vendas d
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