Sociedade
Bobi, o cão mais velho do mundo morreu aos 31 anos
Festa de aniversário trouxe a Leiria especialistas estrangeiros em Maio
"Descansa em paz amigo! Obrigada por ter tido o privilégio de te conhecer, o cão mais velho do mundo. Que vida incrível que tiveste." Foi desta forma que a página de Instagram Leterrierstudio anunciou a morte de Bobi, o cão mais velho do mundo, natural de Conqueiros.
Foi no dia 11 de Maio de 1992 que Bobi nasceu, uma aldeia do concelho de Leiria. Em casa já havia vários cães e, naquela época, o destino da ninhada era a morte, contou Leonel Costa, 38 anos, o dono, no dia 13 de Maio, data em que foi realizada uma festa de aniversário do patudo e que teve convidados de vários pontos do mundo.
O JORNAL DE LEIRIA tentou contactar Leonel Costa, mas até ao momento tal não foi possível.
Com pêlo cor de mel, Bobi escapou à morte - o destino que tiveram os seus irmãos - quando nasceu, pois ficou camuflado no meio da lenha. Quando se apercebeu que tinha sobrado um cão, o seu tutor escondeu-o, o que lhe valeu um valente ralhete quando descoberto pelos pais. “Mas valeu a pena”, recordou em Maio.
“Foi aqui que o Bobi sempre viveu e quisemos que a festa de aniversário fosse no seu espaço. Não vou alterar nada. Só tratei que ficasse tudo mais bonito e garantir que o Bobi tivesse os seus pratos favoritos”, revelou.
Por isso, na ementa não faltou a dourada e o porco no espeto. “Só não gosta de esparguete à bolonhesa.”
Desafiado pelo Guinness a realizar uma festa, Leonel Costa exigiu que fosse em casa. “Não pôde ser no seu dia de aniversário, porque alguns veterinários estrangeiros queriam estar presentes e não podiam vir na quinta-feira”, explicou, ao admitir que terá gasto cerca de 1000 euros na festa.
“Pelo Bobi vale tudo. Ele merece. Se não fosse o Guinness tinha realizado uma festa só para os amigos, mas assim vieram pessoas de todo o mundo. Tenho pessoas inscritas para conhecer o Bobi até junho”, confessou, ao elogiar aquele que considera um ‘filho’: “O Bobi é um anjo. Não é um cão nada protetor. Se alguém entrar em casa, ele deixa. É muito sociável, é um doce e adora animais e pessoas.”
Dois veterinários internacionais presentes na festa dos 31 anos do cão mais velho do mundo, em Leiria, admitem que o segredo da longevidade do canídeo está na comida de humano, liberdade e uma vida social rica.
Para Karen Becker, uma veterinária americana, afirmou que o segredo da longa vida do patudo estará precisamente na comida fresca e diversificada, “boa comida de humano”, que Leonel lhe prepara diariamente, “sem conservantes ou ingredientes sintéticos que não foram altamente processados e com uma quantidade abundante de diferentes nutrientes”.
“O Bobi come peixe todos os dias e o peixe contém ácidos gordos, o ómega 3, dha/epa que nutre o seu cérebro, as células do sangue e a sua pele”, acrescentou.
Aliado a uma boa alimentação está também “uma vida sem grande stress”. “O Bobi tem a floresta e um jardim bonito todos os dias, onde ele próprio seleciona ervas e vegetais que gostaria de comer e faz exercício diariamente.
Karen Becker testou a microbiota e realizou testes de DNA através de saliva, cujos resultados ainda não estão disponíveis. O objectivo é perceber a razão de alguns cães ter uma “vida extremamente longa”.
“O laboratório dos Estados Unidos analisou a bactéria da microbiota e basicamente disse que, comparado às centenas e milhares de amostras que analisaram ele era um ‘unicórnio’. Tinha mais colónias e diversificadas comparativamente com todos os cães que já viram. Quando perguntámos aos microbiologistas a que é que atribuíram essa diversidade, acreditam estar relacionada com a sua dieta”, revelou.
Peter Dobias, um veterinário do Canadá, foi outro dos convidados. “Vim, talvez por isto ser histórico. É um evento inspirador para todos, porque todos desejamos ter uma vida longa e queremos que os nossos cães vivam o máximo possível, tendo uma boa vida”, afirmou.
E qual o segredo para um cão viver 31 anos? “Tem de ter sorte para ter os genes correctos, a casa certa, as circunstâncias corretas e amigos. O Bobi tem amigos e uma excelente família. Além disso, vive numa zona rural. Não está numa trela, nem tem coleira”, sublinhou.