Sociedade

Capela da Charneca diz não à destruição de musgo para o presépio

15 dez 2023 14:49

Apanha de musgo, que está ameaçado de extinção e demora 20 anos a crescer, é proibida por lei

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Serapilheira e cana foram usadas para criar o presépio na Charneca
Fotografia: DR
Jacinto Silva Duro

Há um presépio em Pombal que alerta para a necessidade de preservar o ecossistema e de proteger um dos componentes mais tradicionais da representação do nascimento de Cristo.

Este ano, o grupo que costuma construir o presépio da Capela da Charneca, na paróquia de Pombal, não usou musgo, num desafio à comunidade católica para dar um exemplo, abraçando o apelo e tomada de posição mais recentes do papa Francisco, para que os cristão contribuam, como nunca o fizeram, na protecção do ambiente e da nossa casa comum.

É que, embora, em Portugal, existirem 720 espécies de musgo, muitas estão já ameaçadas de extinção, devido à eucaliptização do território, incêndios constantes, seca, erosão e apanha excessiva.

"Muitos podem não o ter percebido ainda, mas o musgo é uma espécie vegetal cuja existência está em declínio. Os elementos da Comissão da Capela da Charneca, que são muito jovens, tomaram em mãos a tarefa de explicar aos paroquianos as razões pelas quais não foi usado o musgo, que é protegido por lei, e escreveram uma nota que foi divulgada e até publicada nas redes sociais", explica Carla Longo, que, além de presidente da Junta de Freguesia de Pombal, também é membro da comunidade da Charneca.

Ainda assim, foi preciso falar, pessoalmente, com algumas pessoas para lhes transmitir a mensagem.

"No início, alguns ainda pensavam que, este ano, não tínhamos querido ter muito trabalho. Mas, depois entenderam e concluiram que tínhamos razão, apesar de elas próprias ainda não se terem apercebido da situação."

Em substituição foram empregues materiais alternativos, escolhidos com muita imaginação, como a serapilheira ou as canas.

A comissão, na sua nota pública (ler abaixo), descreve o problema e as funções essenciais que o musgo, que pode demorar até 20 anos a crescer, tem na natureza e na retenção da humidade no solo e purificação da água.

O espírito dinâmico da comissão da capela é elogiaod pela presidente da junta que recorda as obras, no valor de 300 mil euros, que estão a ser executadas no largo em frente ao templo, para criar um local comum de convívio para a comunidade. "

Somos muito activos, na Charneca. Outro exemplo, é a nossa catequese conta com 120 meninos e meninas inscritos", diz Carla Longo.

O porquê do presépio sem musgo?

Este ano a Capela da Charneca - Pombal decidiu fazer o presépio de maneira a proteger o nosso planeta.

Aposto que não sabiam que, em Portugal, existem 720 espécies de musgo e muitas estão ameaçadas de extinção! Pois é, apesar de ser uma espécie protegida, a falta de legislação faz com a altura do ano mais querida por todos nós, o Natal, seja para eles uma espécie de apocalipse anual.

Por não haver coimas para quem o apanha, o musgo é comercializado às centenas e arrancado sem piedade, o que pode levar, eventualmente e dentro de algum tempo, à sua extinção.
 
Será mais uma coisa para acrescentar [à lista daquilo] que já conseguimos extinguir.
 
E isto para pôr musgo aos pés do menino?

Sim, até pode ficar bonito, mas não vamos esquecer que o menino Jesus nasceu num estábulo no meio do deserto, afinal os Reis Magos chegaram lá de camelo!

Que tal este ser o ano de uma nova tradição? Presépio sim, musgo não!

Se acham que decorar o presépio com areia e pedras é muito austero, que tal umas searinhas de trigo?

Como manda a boa tradição madeirense e até alentejana! Convenhamos que trigo tem muito mais a ver com a religião cristã do que o musgo e as crianças vão adorar ver a searinha a crescer.
 
Ou então a também tradicional palha, ou só terra. Ou nada! Que tal um presépio minimalista?
 
E porquê tudo isto?
 
Porque alguém precisa dar voz aos musgos! Sabem que eles podem demorar até 20 anos a se desenvolver?

O musgo tem um papel extremamente importante na conservação da natureza, combatem a erosão, retêm água e a humidade protegendo assim o solo.
 
São indicadores da qualidade dos habitats, pequenas florestas em miniatura que servem de alimento e proteção para diversas espécies de animais e fungos!

Entre a acumulação de húmus, a estabilização de solos, a fixação e a germinação de sementes, a acumulação de biomassa, a reciclagem de nutrientes, os musgos também facilitam o escoamento da água evitando erosão, cheias, etc.
 
Por isso, que tal deixarmos o musgo em paz este ano?
 
Temos a certeza que o menino Jesus não se importa e até vai gostar.