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César Cardoso, músico e mentor da Orquestra de Jazz de Leiria: “Quando gravamos um disco, não é para ganhar dinheiro”

12 mar 2016 00:00

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Jacinto Silva Duro

No dia 8 de Abril, vai conduzir a Orquestra Jazz de Leiria e o músico Tiago Bettencourt, num concerto no Teatro José Lúcio da Silva. É o primeiro de vários desafios que vai ter nos próximos tempos.
Sim. Estava mesmo agora a trabalhar nos arranjos, aqui no Hot Club. Temos os bilhetes já praticamente esgotados – ainda há alguns – e isso é sinal de que o concerto vai correr bem. Vamos tocar temas adaptados do Tiago e algumas outras surpresas, como uma música dos Beatles e outra do Sinatra. Estou também também a organizar uma oficina de jazz, no Teatro Miguel Franco. Na verdade, será um ciclo de concertos que a Orquestra de Jazz está a programar. Vai ser uma coisa com prata da casa. Actuarão os Desbundixie e o meu quarteto, com o qual aproveitarei para apresentar o novo disco Bottomshelf, em Leiria. Paralelamente, haverá uma oficina para big bands. Serei eu a orientá-la. Vai ser uma coisa voltada para os amantes do jazz e curiosos. No final, haverá uma apresentação do trabalho feito.

Quando vai ser?
De 14 a 17 de Julho. O concerto final, com os alunos da oficina e com a Orquestra de Jazz de Leiria, será no dia 17 à tarde. É uma iniciativa que considero interessante, tanto mais que não tem havido nada deste género em Leiria. Gostaria que isto fosse um embrião para algo relacionado com o jazz na cidade. Irei apresentar ainda o meu novo disco, na Festa do Jazz do Teatro de São Luís, em Lisboa, no dia 19 de Março. É a primeira vez que lá irei tocar e é com certeza, um bom sítio para divulgar o meu trabalho, uma vez que estarão lá todas as escolas e é o melhor festival de jazz de Portugal.

E ainda vai arranjar um tempo para ir ao Festival de Jazz de Valado de Frades.
Sim, ainda irei a esse festival. Vou conseguindo divulgar este novo disco o que é bom. Quando gravamos um disco, não é para ganhar dinheiro, é mais para nos conhecerem e tentar tocar. A crítica ao Bottomshelf foi bastante boa. Eu próprio fiquei muito surpreendido com o resultado. Gravei num bom momento e numa altura de mudança a nível musical. Foi um daqueles discos em que, no final, a sensação era de “isto foi muito bom. Gostei mesmo”. Foi algo que não tinha sentido no primeiro, embora tenha gostado de o compor e tocar. Se calhar, nesse a gravação foi algo prematura e não me senti tão realizado como com este. Agora, os concertos ao vivo têm corrido muito bem e com há uma óptima interacção entre os elementos do quarteto. Estamos a ter concertos... foi para isso, ao fim e ao cabo, que gravámos o disco. Vou lançar um livro sobre teoria de jazz, que é uma obra que ainda não existia em Portugal.

É um manual escolar?
Não é bem. É mais um apoio que serve para toda a gente que se interessa e não apenas para quem estuda jazz. Pode haver alunos e executantes de música clássica que queiram perceber um pouco mais de jazz e perceber o que acontece e como é a parte teórica. Tentei escrever um livro que passe por tudo o que é mais importante… e o modo como o escrevi é também o modo como vejo o ensino; uma coisa mais prática, com menos teoria. Naquelas páginas, juntei imensos exemplos e estou contente por, ao fim de um ano, ter conseguido acabar o livro. Há muitos livros de teoria de jazz, mas não há nenhum em Português. Mais uma vez, é um exercício onde quase irei gastar mais dinheiro do que ganhar. As percentagens que ficam para o autor, quando se trata de editoras de livros ainda são piores do que as dos discos, mas, ao menos, é uma coisa que fica para quem gosta de jazz.

Trocou a música clássica pelo jazz
Uma orquestra, um livro e dois CD

César Cardoso tem 33 anos e é natural da Calvaria de Cima, Porto de Mós, professor de jazz, teoria, combo, saxofone e big band, no Hot Club, é o líder dos Desbundixie e da Orquestra de Jazz de Leiria.

Fomos encontrá-lo, num domingo à tarde, na escola do Hot Club, em Lisboa, onde preparava o concerto que esta última formação vai dar com Tiago Bettencourt. Acaba de lançar um CD, de escrever um livro sobre jazz e, um dia, gostaria abrir uma escola de jazz em Leiria.

Ingressou no mundo da música através da Banda Recreativa Portomosense, estudou música clássica no Orfeão de Leiria, até ao 8.º grau, mas, certo dia, descobriu o jazz e “teve” de ir estudar para o Hot Club, tendo feito também a licenciatura em jazz, na Escola Superior de Música.

Foi o mentor da fundação da Orquestra de Jazz de Leiria e, em 2010, lançou o primeiro CD, Halfstep, o segundo, Bottomshelf saiu em 2015.

 

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