Sociedade
Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste acredita que a modernização e electrificação da linha não acontecerá, antes de 2030
Populações perdem o seu direito à mobilidade e perde também a ferrovia e o ambiente e a descarbonização
Em comunicado, a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO) está preocupada com o que se está a passar com as obras de modernização e electrificação daquela infra-estrutura rodoviária.
O porta-voz, Rui Raposo, afirma que chegámos ao início de 2025, sem saber quando terminará a totalidade das obras de modernização e electrificação da Linha do Oeste até ao Louriçal.
Reconhecendo que a Infraestruturas de Portugal, dona da obra, anunciou que a primeira parte da obra até Caldas da Rainha estará pronta no 2.º semestre deste ano, informação confirmada pelo Gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, em reunião realizada com a CPDLO, em 9 de Janeiro, o porta-voz afirma que as dúvidas subsistem quanto à conclusão das obras.
E os sinais são muitos, segundo refere a comissão:
- Entre Torres Vedras e Runa não foram feitas quaisquer obras de remodelação, com excepção da implantação dos postes de catenária;
- O apeadeiro de Runa não foi ainda remodelado;
- Não arrancaram as obras de construção da subestação elétrica de Runa que alimentará a Linha do Oeste, no troço Meleças/Caldas da Rainha.
Relativamente a esta última fase, as dúvidas são ainda maiores, já que, na reunião de 9 de Janeiro, foi transmitido à CPDLO que, transitoriamente, a energia na Linha do Oeste será garantida pela Subestação da Amadora que, para o efeito, será reforçada.
"Contudo, até onde chegará a energia eléctrica não se sabe: Malveira? Torres Vedras? Bombarral? O reforço da Subestação da Amadora trará novos custos, sem garantia de esta vir a fornecer energia elétrica a todo o troço Meleças/Caldas da Rainha."
Rui Raposo afirma que continuam a pôr-se em causa "os objectivos fundamentais da obra quando não se garante que concluída aquela, os comboios eléctricos possam circular na totalidade do troço a sul das Caldas da Rainha".
"A propósito de comboios eléctricos, convém referir que, em pleno, as novas composições só circularão no 2.º semestre de 2026, já que a sua chegada a Portugal só acontecerá no 1.º semestre do próximo ano. Até lá, continuarão a circular as 'velhas' composições a diesel".
Quanto ao troço Caldas da Rainha - Louriçal, a CPDLO afirma que se confirma "cada vez mais que a modernização e electrificação não deverá ver a luz do dia, antes de 2030, num atraso brutal muito superior ao prazo inicialmente anunciado pela IP e pelo Governo", "devido a uma fraca gestão e planeamento da IP e a falta de empenho dos sucessivos governos no lançamento do concurso para a execução, quando já existia verba prevista para a obra".
A realidade parece estar a dar razão à comissão que "sempre defendeu que as obras de modernização e electrificação deveriam ter sido projectadas e executadas em toda a Linha do Oeste, entre Meleças e o Louriçal e não dividindo o eixo ferroviário em dois, já que isso iria sempre causar maiores atrasos na sua conclusão".
Ficam a perder as populações dos municípios afectados pela Linha do Oeste, que perdem o seu direito à mobilidade, a ferrovia e o ambiente e a descarbonização.