Escola boa, escola má

O meu filho anda num colégio privado. Anda porque não tem lugar na escola pública. Parece que nascer em Outubro/Novembro (como os meus dois filhos nasceram) é aborrecido, porque em Setembro, quando os outros meninos já fizeram anos, eles ainda não fizeram, e o factor idade é decisivo para entrar na escola “de todos”.

Sendo assim, decidimos que ele precisava mesmo de andar numa escola, e foi para um colégio de pessoas amigas, onde é acarinhado, onde aprende regras e normas de sociabilização, onde brinca com amigos, onde se sente bem e passa o dia feliz.

Mas paga-se, pois… é tramado, há meses em que temos de fazer um esforço maior, mas tem de ser, porque é para bem dele, porque não temos alternativa, porque o colégio precisa de dinheiro para funcionar, e imagine-se: os professores e funcionários também precisam de receber um ordenado.

Eu não sei se este colégio recebe algum incentivo do Estado, não sei nem me interessa, mas era capaz de apostar que não. O que eu sei é que, quando decidi que o meu filho iria para ali, fiz as minhas contas e vi se era capaz de suportar esta despesa ou não.

Até agora fui. No dia em que não for (ou no dia em que ele tiver vaga numa escola pública) terei de decidir se ele vai ficar ali ou não. Eu é que escolho a escola do meu filho. Nesta escolha pesam vários factores e um deles, muito importante, é a minha capacidade financeira para pagar a escola que escolhi. Não acredito que ele aprenda menos na escola pública.

Eu sempre andei em escolas públicas e não fui menos bem sucedida no meu percurso escolar por isso. Nem me parece que o Estado, ou seja, todos nós através dos nossos impostos, tenhamos de patrocinar luxos ou “particularidades” de ensino quando há outras opções disponíveis.

Quem quer ter os meninos no particular faz muito bem, desde que tenha dinheiro para pagar este serviço que considera melhor. A educação privada, quer se queira quer não, é um negócio. Se eu abrir uma empresa e não tiver clientes porque o serviço prestado não é suficientemente bom o Estado também não tem obrigação de me ajudar, certo?

Não me venham cá com manifestações e largadas de balões amarelos que só fazem mal ao meio ambiente. Ensinem os vossos filhos a manifestarem-se em prol de causas realmente importantes, não em prol de falácias e lóbis que eles nunca vão entender.

A escola pública, que vocês não querem para os vossos filhos, poderia ser muito melhor se o investimento que é feito nos colégios privados fosse aplicado na melhoria das condições da escola que é de todos e que, segundo a nossa Constituição, deveria ser tendencialmente gratuita.

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