Sociedade
Funcionários judiciais juntam-se para pedir... Justiça
Desde Janeiro em greve, os funcionários judiciais mantêm a "determinação" da luta "não obstante o peso que isto tem nos já pequenos salários dos trabalhadores”.
"Justiça para quem nela trabalha." O slogan estava escrito nas t-shirts pretas de vários funcionários judiciais da Comarca de Leiria, que hoje se concentraram à porta do tribunal do Comércio, a poucos metros do Museu de Leiria, onde decorria o Conselho de Ministros.
Os funcionários entraram em greve às 13:30 horas e pouco depois tinham perto de si um conjunto de agentes da PSP, que conversaram com o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ).
António Marçal explicou que não se tratava de uma manifestação, mas de um encontro do piquete de greve, já que foi a “ministra da Justiça que disse” que não se pode estar dentro “das instalações em greve”.
“Estamos cá fora para demonstrar aos cidadãos que, apesar das ameaças dos Governo apesar daquilo que é o peso nos nossos salários, não estamos à venda e a nossa dignidade não tem preço”, acrescentou o dirigente sindical.
O presidente do SFJ adiantou que os funcionários continuam a “exigir que o Governo preste atenção, que deixe de dizer que este é o ano dos oficiais de justiça e dos funcionários judiciais, e comece a agir”.
“Esta semana chegaram os recibos de vencimento de setembro e a Direcção-Geral da Administração da Justiça e o Ministério da Justiça conseguem a proeza, dando cumprimento a uma parte de uma decisão judicial relativa a promoções que deveriam ter ocorrido em 2021, de conseguirem promover as pessoas e estas passarem a ganhar menos do que estavam a ganhar em Agosto”, revelou.
Desde Janeiro em greve, os funcionários judiciais mantêm a "determinação" da luta "não obstante o peso que isto tem nos já pequenos salários dos trabalhadores”.
Segundo António Marçal, a ministra da Justiça deve “entender que não está em causa apenas e só resolver os problemas dos trabalhadores”.
“O que está em causa é resolver os problemas da justiça e quem o diz não sou eu, é a União Europeia, que no relatório de julho alertou o Governo português que o princípio do Estado de Direito em Portugal está em perigo e uma das razões é a falta de oficiais de justiça e a falta de resposta aos problemas que nos afetam”, destacou.
António Marçal revelou que "em relação aos números que constam nos mapas de pessoal e os que estão a trabalhar, faltam quase uma centena de oficiais de justiça” na Comarca de Leiria.
“Atendendo às regras da fórmula como devem ser compostas as secretarias judiciais e do Ministério Público em função do trabalho e do número de processos ou de inquérito que cá estão, então faltarão cerca de 150 funcionários judiciais”, informou.