Saúde

Hospital de Leiria já gastou um milhão a contratar médicos para as urgências

14 dez 2023 13:43

Verba corresponde aos primeiros nove meses deste ano e significa um aumento de quase 50% face ao período homólogo de 2022. Grande parte deste valor foi para garantir médicos na urgência geral

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Hospital de Leiria espera preencher 40 vagas para colocação de médicos
Ricardo Graça

A contratação de médicos generalistas e de medicina interna para garantir o serviço de urgência geral continua a ter um peso significativo no orçamento do Centro Hospitalar de Leiria.

O aumento dos custos verificados nos primeiros nove meses deste ano deve-se, sobretudo, à contratação de médicos generalistas para o serviço de urgência, com quem o CHL gastou 1.011.460 euros, o que representa um crescimento de 49,1% face ao período homólogo.

No período homólogo de 2022, o hospital tinha gasto um total de 678.460 euros. O peso da despesa verifica-se também na urgência com a especialidade de medicina interna, que contabilizou um gasto de 581.587 euros, mais 163.807 euros face a 2022.

O impacto financeiro constata-se ainda num grande crescimento na contratação de especialistas em Ginecologia e Obstetrícia, com um custo de 157.804 mil euros (72.878 euros em 2022), o que se traduz numa subida de 116,5%, e de médicos destas especialidades para a realização de interrupções voluntárias da gravidez, com um custo de 66.395 euros, superior aos 29.461 euros do período homólogo de 2022.

Na oncologia médica, os gastos aumentaram 148%, passando de 30.413 euros para 75.430 euros.

De acordo com o relatório de execução orçamental do terceiro trimestre deste ano, o CHL teve um encargo nesta rubrica superior a 1,9 milhões de euros, mais 690.917 euros face ao ano anterior.

Nos resultados, antes de impostos a Setembro de 2023, o CHL apresentava um valor negativo de 9,5 milhões de euros, o que comparado com o realizado no período homólogo – 6,5 milhões de euros, “evidencia um agravamento do desempenho económico”.

O CHL também aumentou a sua autonomia financeira de 22,8% para 24,2% e diminuiu o prazo médio de pagamentos em 70 dias e de recebimentos em sete dias, este último inclui a execução do contrato-programa com a Administração Central do Sistema de Saúde.

Quanto à actividade assistencial, o CHL contabilizou um aumento das cirurgias, de 14.461 para 16.424 intervenções, e de sessões do hospital de dia, de 21.243 para 26.869. Foram ainda realizadas 226.789 consultas externas, mais 4.337 atendimentos, e 134.650 urgências (+691).

Licínio de Carvalho afirma que “as actividades variam ao longo do ano” e “dependem de vários factores”.

Segundo refere, “circunstâncias como períodos de greve, férias, feriados, faltas dos doentes e impedimento dos profissionais”, podem influenciar uma melhor ou pior performance assistencial.

O documento refere ainda que os rendimentos e ganhos do terceiro trimestre de 2023 registam uma variação positiva em 10.3 milhões de euros, comparando com o período homólogo. “Este aumento é explicado pelo aumento da actividade assistencial”, justifica o presidente do CHL.

Médicos
Hospital contrata fora para responder aos utentes
 
Licínio de Carvalho explica ao JORNAL DE LEIRIA que “procura disponibilizar médicos para responder à procura e preencher as escalas mensais”. “Do ponto de vista estritamente financeiro, não há diferenças substanciais entre o pagamento do trabalho subordinado (contratos de trabalho) e o trabalho prestado em regime de prestação de serviços”, acrescenta. O presidente do conselho de administração adianta que até à presente data, o CHL celebrou este ano “um total de 20 contratos individuais de trabalho e dezenas de contratos de prestação de serviços”. “Neste momento, encontram-se disponíveis para preenchimento cerca de 40 vagas no âmbito do processo nacional de colocação dos médicos que terminaram a especialidade na segunda fase de 2023. O CHL contratará os médicos em ambos os regimes à medida das suas necessidades e da disponibilidade do mercado que, como se sabe, a nível nacional, é muito insuficiente”, constata. Licínio de Carvalho justifica ainda o aumento do recurso a prestações de serviços no âmbito da interrupção voluntária da gravidez, em função da rescisão de um ginecologista que assegurava essa actividade.