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Joana Vasconcelos numa nova exposição em Fátima: o terço no diálogo entre arte antiga e contemporânea
Obras de Joana Vasconcelos, Ana Bonifácio, Ana Lima Netto, Emília Nadal, Clara Menéres e Rolando Sá Nogueira na exposição Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória, que mostra em Fátima terços do Papa Francisco, de João Paulo II e da Madre Teresa de Calcutá
É inaugurada este sábado, 26 de Novembro, na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, a exposição temporária Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória, que coloca em diálogo a arte antiga e a arte contemporânea.
Apresentado como meio para democratizar a prática católica desde a Idade Média, o terço é um instrumento utilizado para contar e registar a sucessão de ave-marias, tradicional na recitação do rosário como caminho para a paz.
A obra “Suspensão”, de Joana Vasconcelos, criada para o centenário dos acontecimentos de Fátima, volta a estar disponível para o público e ocupa um lugar central na exposição Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória, onde também se descobrem trabalhos de Emília Nadal, Clara Menéres, Rolando Sá Nogueira, Ana Bonifácio e Ana Lima Netto.
“Suspensão” é um terço de grande escala, instalado em 2017 na vertical, mas que agora se encontra disposto na horizontal, “duas dimensões que criam os dois eixos que são a cruz”, salienta Joana Vasconcelos.
“Trazer à luz que todos nós podemos colaborar para que a paz exista no mundo é para mim o mote desta peça”, explicou, no final da visita guiada para a comunicação social, esta sexta-feira, momento em que valorizou o “encontro entre o passado e o futuro” patente na exposição Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória, e o modo como, a partir de “histórias”, “terços” e “tantas vidas”, o artista contemporâneo “faz esse cruzamento e leva para a posteridade uma visão do presente”.
Dividido em três núcleos, o percurso inicia-se com “As contas por entre as mãos que rezam”, onde é possível ver terços oferecidos por Bento XVI, Paulo VI, João Paulo II e pelo Papa Francisco, mas, também, um terço oferecido por pescadores de Caxinas e outro que pertenceu a Madre Teresa de Calcutá.
Ana Bonifácio, artista natural de Leiria, contribui com uma instalação original criada propositadamente para a exposição, com o título “Saltério”.
No segundo núcleo, “Os mistérios do rosário: mistérios de Deus e da humanidade”, surge “In Paradisum”, de Ana Lima-Netto, também apresentada pela primeira vez, e outras obras extraídas da colecção do Museu do Santuário de Fátima: “Sinais do Presépio”, de Emília Nadal; “Jaz morto e arrefece o Menino de sua Mãe”, de Clara Menéres; e “Apanha do Maná” e “Última Ceia”, de Rolando Sá Nogueira.
Em cada um de quatro ciclos que identificam os mistérios do rosário, “Alegria”, “Luz”, “Dor” e “Glória”, há um diálogo com obras de arte antiga.
O terceiro e último núcleo, “Entre o céu e a terra”, é totalmente dedicado à peça de Joana Vasconcelos, “Suspensão”, constituída por mais de 50 contas, em que as proporções da cruz se baseiam no “Homem de Vitrúvio”, de Leonardo da Vinci.
Responsável pela coordenação geral, comissariado e museologia da exposição, Marco Daniel Duarte destaca o convite à reflexão, que a fé e a arte inspiram ao longo do percurso expositivo, sobre temas como o silêncio, a alimentação ou a guerra. E dá como exemplo o trabalho de Clara Menéres, “Jaz morto e arrefece o Menino de sua Mãe”, originalmente uma crítica ao conflito nas antigas colónias portuguesas.
“Não há peça mais actual do que esta peça nos dias que correm, na actualidade que estamos a viver”, considerou Marco Daniel Duarte, durante a visita guiada, esta sexta-feira.
Em Fátima, segundo o testemunho de Francisco, Jacinta e Lúcia, a Virgem Maria pediu que se rezasse o terço todos os dias para alcançar a paz.
Marco Daniel Duarte explica que um dos objectivos da exposição Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória, que permanecerá aberta até Outubro de 2024, é mostrar aos participantes das Jornadas Mundiais da Juventude, que se realizam em Portugal no próximo ano, “um dos temas fundamentais e mais estruturantes” do Santuário de Fátima.
Por outro lado, a exposição no Convivium de Santo Agostinho (piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade) tem lugar 20 anos depois da edição da carta apostólica sobre o rosário escrita por João Paulo II.
A inauguração, este sábado, 26 de Novembro, antecede a jornada de apresentação do tema do ano pastoral, “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, a ter lugar, depois das 15:30 horas, no Centro Pastoral de Paulo VI.