Viver
Palavra de Honra | Questiono-me se de repente deixasse de haver música em todo o mundo, se este sobreviveria.
Raquel Gomes, coordenadora de projectos e professora de música
- Já não há paciência ... para ligar a Televisão. Os nossos canais insistem em nos considerar a todos, “burros”, ou “insanos”, ou “incultos”. Têm a obrigação de oferecer um serviço de qualidade e diversidade. Em relação às televisões, rádios e jornais ouvi esta frase na minha adolescência e carrego-a até hoje “- não me deem o que eu quero, deem-me o que Eu MEREÇO”.
- Detesto... quando vou a um concerto, ouvir as pessoas a baterem palmas a acompanhar as músicas. Ou quando o cantor para de cantar para que o público cante por ele. E aquele momento em que tu estavas à espera que a voz te fosse arrepiar, arrepiou de facto... mas de nervos porque o cantor se poupou.
- A ideia... é que não haja fome, não haja mal tratos, não haja abandonos, não haja pobreza. Todos tenham um lar, acesso à cultura, acesso às artes, acesso à saúde.
- Questiono-me se... de repente deixasse de haver música em todo o mundo, se este sobreviveria.
- Adoro... o Silêncio e dar-me Tempo. Mas é tão difícil nos dias de hoje conseguirmos Silêncio e TEMPO.
- Lembro-me tantas vezes... de como sonhava poder ir viver com a Heidi e o Pedro nas montanhas. Lembro-me tantas vezes desta frase de José Mujica: “Quando vais comprar algo, não pagas com dinheiro, pagas com o tempo da tua vida que tiveste que gastar para ter esse dinheiro. Mas a Vida não se compra, ela gasta-se, e é lamentável desperdiçar a Vida para perder a Liberdade”.
- Desejo secretamente... e não secretamente, que todas as pessoas tivessem a capacidade de Escutar verdadeiramente o Outro. Que todas as pessoas se deliciassem com música, com um poema, com um bailado. Que todas as pessoas tivessem a oportunidade de sentir o verdadeiro Amor.
- Tenho saudades... de ter saudades. Por vezes entramos numa corrida que esquecemos de ter saudades da manteiga tão única da minha avó Maria de Semide. Saudades do leite com café que só me lembro de beber em casa dela. Do requeijão de sabor único e inigualável que vinha numa couve e que ainda hoje o consigo saborear. Saudades de amamentar e de embalar.
- O medo que tive... quando deixei, por segundos, minutos, de ver o meu filho bebé que ali estava mesmo à frente e, de repente…
- Sinto vergonha alheia... com a falta de educação, com a falta de respeito, com a mentira. Quando alguém faz questão de se mostrar superior, quando vejo injustiças, quando o dinheiro se sobrepõe a tudo.
- O futuro... é hoje. E hoje pode ser o fim. Então estamos à espera de quê?
- Se eu encontrar... o presidente da república, vou implorar-lhe para passar uma semana comigo. Tenho a certeza que fazia a diferença.
- Prometo... absolutamente nada. Não sou de promessas, sou de ações.
- Tenho orgulho... da minha vida, da minha família, dos meus amigos, do meu trabalho, da minha aldeia, da minha cidade.