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Palavra de Honra | Se eu encontrar o Maradona, beijo-lhe o pé esquerdo

27 abr 2025 10:27

André Crespo, professor

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Já não há paciência... para Urgências Pediátricas e Obstétricas fechadas e Shoppings abertos aos fins de semana e feriados.

Detesto... acordar ao som das balas, ligar o rádio e constatar que os noticiários se tornaram livros de “deve e haver” e saldos de prestação de contas das vítimas de conflitos armados espalhados um pouco por todo o mundo.

A ideia... de alguém ser a favor do rearmamento da Europa, defender medidas que aumentam as desigualdades sociais e, ao mesmo tempo, valorizar o legado do Papa Francisco, repugna-me.

Questiono-me se... é possível continuar a fechar os olhos ao genocídio em Gaza, e aceitar a hipocrisia europeia e do mundo ocidental, face a um episódio continuado de extrema violência, violando todos os princípios do direito humanitário internacional, resultando em dezenas de milhares de mortos civis, dos quais 70% mulheres e crianças (dados do Escritório de Direitos Humanos da ONU).

Adoro... decisões coletivas.

Lembro-me tantas vezes... que “Em Novembro é de Abril e Maio que me lembro”.

Desejo secretamente... que o País inteiro se torne uma imensa Festa do Avante!, onde a cultura, a arte, o convívio intergeracional e a camaradagem sejam os pilares da construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais harmoniosa e mais poética.

Tenho saudades... da Lisnave.

O medo que tive... de acordar e não ter tempo.

Sinto vergonha alheia... de, como diz o JP Simões, “a minha geração já se ter calado, já se ter perdido, já ter amuado, já se ter cansado, desaparecido, ou então casado, ou então mudado ou então morrido” e ter deixado entrar uma horda de fascistas no Parlamento.

O futuro... será uma sucessão de solstícios e equinócios com intervalos pelo meio, como folhas brancas à espera de serem escritas. Tens lápis?

Se eu encontrar... o Maradona, beijo-lhe o pé esquerdo.

Prometo... estar na rua, empunhar um cravo vermelho e gritar “25 de abril, sempre! Fascismo nunca mais!”, na próxima sexta feira, no desfile “Leiria sai à rua!” a começar às 16h00 no Mercado Municipal. Prometam também!

Tenho orgulho... dos camaradas que me fizeram ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria e me fizeram indestrutível porque, com eles, não termino em mim mesmo. Beijos ao
Neruda!