Sociedade
Quando o amor é mais forte do que a adversidade
Ela sai em missão e ele presta apoio em casa, na retaguarda. Ele está preso à cadeira, mas ela fá-lo voar. Ambos são sem-abrigo, mas encontram “casa” no olhar do outro. Depois do Dia de São Valentim, o jornal elogia os amores que se elevam na adversidade
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. Assim ditam os votos do sagrado matrimónio. E na semana em que se assinala o Dia de São Valentim, o JORNAL DE LEIRIA foi conhecer vários casais, para quem o amor nasceu e floresceu precisamente nos cenários mais adversos. Gente que combate a pirataria em alto mar, que luta contra a extrema pobreza ou contra as limitações da condição física, mas que encontrou o par perfeito para vencer as contrariedades.
Muito amor, para lá de uma cadeira
Frederico, de 27 anos, depende da cadeira de rodas desde que teve um acidente, com apenas ano e meio de idade. Sempre se conheceu nesta condição e não foi pelo facto de não andar pelo seu pé que deixou de estudar, de fazer amigos e de sair, tal como fazem quase todos os jovens da sua idade.
Há dois anos, recém-licenciado em Comunicação Social, Frederico começou a participar num projecto de um jornal, em Amor, e, por intermédio de uma amiga, juntouse à iniciativa outra jovem da freguesia, a Carina, uma estudante de Matemática Aplicada.
E eis que o amor acontece na terra com o mesmo nome. Frederico gostou logo do ar da Carina e a amizade progrediu até à relação apaixonada e de cumplicidade que têm hoje. Carina não nega que foi complicado perceber que os dois passaram a ser demasiadas vezes o centro das atenções. Mas isso foi de início, até se habituar a ignorar os outros ou a brincar com a situação.Tal como faz o próprio Frederico, sempre confiante e bem humorado.
O receio da reacção dos seus pais também a preocupou. Mas a relação foi muito bem aceite tanto pelos pais de Carina como pelos do Frederico. O dia-a-dia acontece com a normalidade que caracteriza qualquer relação de dois jovens. Briga-se por ninharias, como o futebol, explica Carina, e fazem-se planos para o futuro. Planos a dois, por agora, e mais tarde a três. Porque ambos sonham ter filhos.
Quanto à cadeira de rodas, é apenas um auxílio, como são todas as adaptações que Fred tem no carro ou em casa. E nada mais.
Sem-abrigo encontram “casa” nos braços do outro
Os últimos anos não têm corrido de feição a Raquel e a Eduardo. Por diferentes razões, acabaram ambos por perder as suas casas e a depender do apoio do centro sócio- comunitário Porta Azul, na Marinha Grande, onde se refugiam para comer e tomar banho. Mas apesar das noites frias e dos dias de incerteza, os sem-abrigo têm agora uma convicção: encontraram o amor um no outro e o seu futuro será
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