Saúde

Sindicato dos médicos alerta para risco clínico na Urgência do Hospital de Leiria

10 set 2021 18:26

Posição surge depois da notícia publicada pelo JORNAL DE LEIRIA

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Sindicato alerta para o "suprimento de recursos humanos”
Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

O Sindicato Independente dos Médicos considera que as equipas da Urgência do Hospital de Leiria “estão longe de cumprir os critérios de segurança clínica exigidos pela Ordem”, alertando para o “risco clínico” devido ao “insuficiente suprimento de recursos humanos”.

Num comunicado, que reproduz a carta enviada ao presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), que integra o Hospital de Santo André (HSA), em Leiria, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) refere que as equipas do Serviço de Urgência deste hospital “estão longe de cumprir os critérios de segurança clínica exigidos pela Ordem dos Médicos”.

Esta comunicação surge um dia depois do JORNAL DE LEIRIA ter denunciado os problemas que estão a ser vividos por profissionais de saúde e utentes no Hospital de Santo André, em Leiria.

“Trata-se duma situação inadmissível, porque coloca em risco a segurança na prestação de cuidados à população abrangida por essa entidade hospitalar”, observa o SIM, salientando que “são várias as especialidades chave ao Serviço de Urgência afetadas pela grave carência em recursos humanos médicos”.

Face ao “risco clínico decorrente do insuficiente suprimento de recursos humanos”, o sindicato deu conhecimento da missiva, assinada pelo secretário regional do SIM/Centro, “à Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos”.

Para o SIM, “a situação vigente mais não é do que o espelho da incapacidade de o SNS [Serviço Nacional de Saúde] atrair especialistas nas diversas áreas de exercício profissional médico”, sustentando que “tal resulta, tão simplesmente, de uma postura do Governo/Ministério da Saúde negligente no respeitante ao investimento financeiro indispensável ao cumprimento da missão do SNS”.

“O acentuado envelhecimento médico, a par de um número de horas extraordinárias praticadas muito além do legalmente obrigatório, são liminarmente ignorados”, assim como “as condições de trabalho que são disponibilizadas aos médicos e restantes profissionais de saúde”, acrescenta.

À agência Lusa, o CHL nota que “são conhecidos os constrangimentos do Serviço de Urgência do Hospital de Santo André” no que respeita aos recursos humanos, situação que “tem obrigado a adaptações e esforços complementares na gestão de equipas", para "garantir o cumprimento dos critérios de segurança clínica”.

“Isso tem sido possível apenas graças à dedicação e empenho dos nossos profissionais, mas também através da articulação com outras unidades hospitalares, dado que o SNS funciona em rede”, refere.

O CHL explica que, “no âmbito desta colaboração, é comum o procedimento de encaminhamento de doentes pelo CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] para outras unidades hospitalares, de forma a garantir que se cumprem os critérios de segurança clínica nos serviços de urgência, evitando situações de sobrelotação”.

“Várias vezes o Serviço de Urgência do HSA recebe doentes encaminhados pelo CODU, de outras áreas de influência, e noutros momentos verifica-se o sentido inverso”, adianta.

O CHL faz ainda saber que “estão em curso procedimentos que asseguram o cumprimento dos critérios de segurança clínica no atendimento aos utentes” e apela a que estes acedam às urgências apenas em situações realmente urgentes.

“No que concerne aos recursos humanos, tem havido dificuldade em completar equipas devido a baixas e isolamentos afectos à [pandemia de] covid-19, assim como dificuldades de recrutamento”, admite o CHL, explicando que “neste momento efetuou-se a reorganização das equipas presentes no serviço para a prestação dos cuidados, com as condicionantes que tal acarreta”.

O CHL acrescenta que “está prevista a contratação de novos médicos, inclusivamente o processo já está em curso há alguns meses e foi intensificado recentemente, tendo sido já contratados médicos generalistas e médicos especialistas em várias áreas”.

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, confirma a recepção do ofício do SIM, garantindo que a Ordem “vai desencadear, com carácter de urgência, uma avaliação técnica às condições de prestação de cuidados de saúde no Serviço de Urgência do hospital”.

Carlos Cortes adiantou à Lusa que a Ordem pediu “esclarecimentos ao CHL no início desta semana”.

“Tínhamos pedido em Julho explicações ao CHL e não tivemos resposta. Voltámos a insistir, na sequência da carta do SIM, mas também devido à indicação de colegas que nos contactaram”, disse este responsável.