Covid-19
Vacinação indevida aproveita lacunas no processo
Marido da coordenadora da Saúde Pública recebe dose sobrante
Enquanto a vacinação contra a Covid- 19 decorre à velocidade de cruzeiro, começam a surgir denúncias de inoculação indevida em dirigentes de lares e familiares de responsáveis de estruturas para idosos ou até da saúde, o que levou à demissão do coordenador do Plano de Vacinação da Covid-19.
A validade das vacinas, depois de abertas, é curta. Segundo as normas da Direcção-Geral da Saúde, os medicamentos da BionTech/Pfizer ou da Moderna têm de ser utilizados em menos de seis horas, depois do frasco perfurado.
Quando a vacinação arrancou as orientações nacionais também eram parcas. As denúncias e as dúvidas têm levado a ajustes na informação da DGS.
O marido de Odete Mendes, coordenadora da Saúde Pública de Leiria, foi um dos casos denunciados. O homem, com critérios para ser vacinado na segunda fase, foi incluído na lista no dia 15 de Janeiro após sobra de doses.
Ao JORNAL DE LEIRIA, a médica confirma a vacinação e explica a razão: “nesse dia vacinámos os utentes e funcionários do lar em frente ao centro de saúde [Arnaldo Sampaio, Marrazes]. Ao final do dia sobraram três doses, cuja validade terminava nesse dia. Procurámos suplentes”, conta.
Os contactos foram infrutíferos, pelo que Odete Mendes assume que a solução foi procurada dentro de portas.
Ana Silva, responsável pela vacinação, decidiu vacinar a empregada da limpeza e o segurança do centro de saúde.
“Fui eu quem sugeriu o marido da dra. Odete, sem qualquer intenção. Conheço-o bem e os seus critérios de risco enquanto doente. Sabia que ele estava lá fora à espera e perguntei à Dra Odete se ele não queria ser vacinado.”
Odete Mendes precisa que o marido sofre de obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol elevado.
Segundo Ana Silva, os bombeiros não foram chamados como suplentes por indicação superior. “Isto aconteceu no dia 15 de Janeiro, já se passaram três semanas. Antes disso, tivemos uma reunião com a Dra Rosa Reis Marques [presidente da Administração Regional de Saúde do Centro] que disse para não vacinarmos bombeiros, pois teriam a sua vacina. As coisas entretanto mudaram. Mas se não fossem essas indicações tê-los-ia chamado pois têm sido excepcionais”,
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