Opinião

A cultura está morta. Viva a cultura!

20 dez 2025 16:24

Deixem-me que vos conte um segredo ou dois: o vinil, o cd e a cassete não morreram

O vinil está morto. O CD está morto. A cassete está morta. O rock (e todas as suas variantes) está morto e enterrado. Já ninguém compra discos. Já ninguém compra livros. Ninguém vai ao teatro. Ninguém vai ao cinema. Os concertos estão às moscas.

Só o digital sobrevive. Só o digital dá dinheiro. Só o digital nos salvará da decadência civilizacional.

O digital e o fascismo. Esses dois pilares da civilização ocidental. Esses dois rochedos de virtudes. Impávidos, serenos e sempre dispostos a iluminar as nossas vidas em troca de nada (inserir emojis daqueles que rebolam e choram a rir).

Está tudo doido é o que é. “Amigas” e “amigos” profetas da desgraça, pseudo salvadores da pátria e aficionados do Tik Tok em geral, deixem-me que vos conte um segredo ou dois: o vinil, o cd e a cassete não morreram. O rock (e todas as suas variantes) já morreu tantas vezes que há muito deixou de ligar à vossa estupidez. 

E quanto ao teatro, ao cinema e aos concertos, uns vão melhor que outros, é certo mas, graças à inabalável fé de muita gente boa que continua a dedicar a vida a essa coisa tão chata que é a cultura - apesar dos orçamentos de miséria (ou da falta deles) e dos miseráveis que mandam (e querem vir a mandar) nesse país -, sobrevivem e vão continuar a fazer tudo o que puderem para lutar contra as vossas profecias falaciosas e as vossas políticas desprezíveis.

Somos muitos os que ainda entramos em lojas de discos, somos muitos os que compramos música, literatura e bilhetes para o teatro, para o cinema e para concertos. Somos muitos os que o fazemos, apesar do digital, apesar dos macro festivais e dos macro eventos com entradas a 150 paus por cabeça (no mínimo) e as suas filas de espera online de milhares de pessoas que não querem perder o que o algoritmo lhes garante que não podem perder.

Quem nos quer impingir a morte dos formatos físicos é quem nos quer fazer crer que só a hegemonia de um formato é válida e que tudo o resto não deve existir. Qualquer semelhança com o que querem os miseráveis que governam esse país (e os que o querem fazer) não é pura coincidência. 
Apoiar a cultura é fácil e é a nossa primeira linha de defesa. Pensem nisso neste Natal.