Opinião
A escola que nos passa ao lado…
Falamos também de uma falha na educação para os valores, pela qual se deve responsabilizar a família
O nosso sistema educativo, bem o sabemos, é uma manta de retalhos. Estica-se de um lado, esgaça do outro. A crise da falta de professores, só quem não a quis ver. E a falta de qualidade na formação de professores também é mais que evidente. (E docentes que estão em “burn out” desde os 40 anos de idade, há muito deveriam ter procurado outro emprego!).
Mas há crise, sobretudo, na qualidade de acompanhamento dos pais aos seus educandos. A educação formal, a Escola e os seus professores nunca serão valorizados se, desde logo, os pais não a valorizarem aos olhos dos seus filhos. Mas tem que ser cedo, desde os 5 anos. Se a partir dessa idade não se fizer entender às crianças a importância da Escola e de quem ensina, se forem preparadas para uma etapa fundamental na sua vida, começa aí o falhanço educativo.
Falamos, portanto, também, de uma falha na educação para os valores, pela qual se deve responsabilizar a família. Desde muito cedo as crianças deverão saber que a Escola vai ser importante para o seu futuro e que aprender e respeitar os seus professores é muito importante. Cometemos muitos erros (e omissões) ao longo dos anos: a começar pela desconsideração que a sociedade fez dos professores e do seu estatuto profissional.
Essa depreciação tem corrido, lamentavelmente, a par de políticas que não pensam verdadeiramente o que se quer do sistema educativo e até do que se deve aprender.
Na realidade, nunca conseguimos estruturar um sistema de ensino/aprendizagem coerente e de longo prazo e já nos lançamos em dinâmicas sem controlo e cujos efeitos desconhecemos!
E o que dizer das novas tecnologias quando nos escusamos a considerar os estudos sobre os seus impactos mais negativos nas idades mais tenras? (Se eu fosse ministro, teria cuidado em promover o uso das novas tecnologias na Escola até a meio do 1º ciclo). E quem sabe se “obrigar” à aprendizagem de exercícios de aritmética sem uso da calculadora não é um benefício cognitivo? Quem sabe se não deveria introduzir novamente a disciplina de “Trabalhos Manuais”, ou voltar a praticar a escrita em caderno de 2 linhas?
Quem sabe se proibir o usos dos telemóveis na escola, pelo menos até ao 9º ano, não será um benefício para a estruturação de um clima mais propício à aprendizagem, numa escola socialmente mais integrante e mais focada no que é verdadeiramente importante.
Realmente, quem sabe, se a introdução dos manuais digitais não é mesmo um disparate completo e um erro clamoroso de compreensão das necessidades de uma aprendizagem consolidada e coerente.